Social-democrata irá liderar uma coalizão de governo formada ao lado de ecologistas e liberais
O social-democrata Olaf Scholz foi eleito nesta quarta-feira (8) chanceler da Alemanha no Parlamento e sucederá Angela Merkel, que passou 16 anos no cargo de chefe de Governo.
Scholz, de 63 anos, venceu a votação secreta com 395 votos do total de 736 deputados. Ele vai liderar uma coalizão de governo formada por social-democratas, ecologistas e liberais.
“Sim”, respondeu Scholz à presidente do Parlamento, Bärbel Bas, ao ser questionado se aceitava o resultado da votação. O presidente da República, Frank-Walter Steinmeier, entregará ao social-democrata o documento que oficializa sua nomeação e marca o início de seu mandato.
Scholf prestará juramento, ao lado de seus ministros, diante dos deputados, nas próximas horas. Sua eleição como o nono chanceler da Alemanha após a guerra não era objeto de dúvidas, pois o Partido Social-Democrata (SPD) venceu as legislativas com 206 deputados eleitos, contra 197 do partido conservador União Democrata Cristã de Merkel.
Scholz é apoiado pelo Partido Verde (118 cadeiras) e pelo Partido Democrático Liberal (FDP, 92), que integram a nova coalizão de governo.
O resultado da votação marca o fim do governo de Angela Merkel após quatro mandatos. Por apenas nove dias, a emblemática chefe de Governo não bateu o recorde de longevidade no poder de Helmut Kohl.
Governo paritário
Merkel, que recebeu várias homenagens nas últimas semanas, deixará a chancelaria em definitivo após uma cerimônia de transferência de poder com Scholz, adversário e ao mesmo tempo aliado, pois foi seu ministro das Finanças e vice-chanceler nos últimos quatro anos.
Merkel, ainda muito popular, encerra 31 anos de carreira política, metade deles à frente do governo da maior economia europeia e quarta mundial.
Scholz vai liderar um governo integrado pela primeira vez na Alemanha pelo mesmo número de homens e mulheres.
Três mulheres comandarão ministérios cruciais: a ecologista Annalena Baerbock será a titular das Relações Exteriores e as social-democratas Christine Lambrecht e Nancy Faeser estarão à frente das pastas da Defesa e Interior, respectivamente.
Também pela primeira vez desde os anos 1950, o ministério alemão terá nomes de três partidos. Apesar dos programas eleitorais muitas vezes divergentes, SPD, Verdes e FDP conseguiram estabelecer uma agenda que se concentra na proteção do clima, no rigor orçamentário e na questões da Europa.
Christian Lindner, líder dos liberais e defensor da austeridade orçamentária, vai comandar o ministério das Finanças.
Crise de saúde
A nova coalizão terá que enfrentar a crise de saúde provocada pela Covid-19, com os hospitais sob forte pressão.
A onda de contágios levou o governo a adotar restrições severas para os não vacinados, que não podem entrar em restaurantes, locais culturais e, em algumas regiões como Berlim, nas lojas.
A estratégia do novo Executivo passa pela obrigatoriedade da vacina, desejada por Scholz e que pode ser adotada a partir de fevereiro ou março.
O líder social-democrata, ex-prefeito de Hamburgo, designou como ministro da Saúde Karl Lauterbach, médico de formação e partidário de medidas restritivas.
O novo governo também terá muito trabalho no cenário internacional, em um momento de agitação geopolítica com Rússia e China.
Scholz não comentou até o momento o “boicote diplomático” anunciado pelos Estados Unidos contra os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, mas a nova chefe da diplomacia não descarta seguir os passos de Washington.
Annalena Baerbock prometeu adotar um tom mais firme que o governo anterior com a Rússia, que reforçou a presença de tropas na fronteira com a Ucrânia e provoca o medo de uma possível invasão.
Como estabelece a tradição, Scholz reservará sua primeira visita ao exterior ao presidente francês Emmanuel Macron, que deve recebê-lo na sexta-feira.
E Baerbock participará no fim de semana de uma reunião em Liverpool com os ministros das Relações Exteriores do G7.