A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) prevê para 2012 estagnação na zona do euro e desaceleração nos países do G20 –que reúne os países ricos e os principais emergentes. Não foi descartada a possibilidade de recessão, segundo comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira.
Aumentando a pressão por uma solução à crise que atinge, em especial, alguns países da zona do euro, a organização pediu ao G20 que tome medidas que permitam a recuperação da confiança na economia, devolvam credibilidade às finanças públicas e realizem reformas estruturais.
Aos bancos centrais, a OCDE requisitou que as taxas básicas de juros sejam mantidas no nível em que estão ou até mesmo sejam rebaixadas quando possível para manter o acesso ao crédito e enfrentar os riscos de uma recessão, de acordo com o jornal espanhol “El País”.
A pressão por juros mais baixos, segundo comunicado da organização, se dirige diretamente ao BCE (Banco Central Europeu), que terá um novo presidente amanhã e na quinta-feira se reúne para determinar a política monetária da região nas próximas semanas.
PREVISÕES
A organização divulgou também as previsões para os países da zona do euro, confirmando a expectativa de estagnação na zona do euro e desaceleração em outros grande membros do G20, sem descartar a possibilidade de recessão.
Segundo ela, o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro não vai crescer mais do que 0,3% em 2012, após ter fechado este ano com alta de 1,6%. A estimativa é de recuperação de 1,5% em 2013. O arrefecimento deverá ser generalizado também no G20.
Nos Estados Unidos, o crescimento será de 1,7% neste ano, 1,8% no ano que vem e de 2,5% em 2013. Nos emergentes do grupo, dificuldades também serão sentidas, mas com magnitudes nada comparáveis: o aumento do PIB, de 7,2% em 2011, será de 6,7% em 2012 e de 7,4% em 2013.
Por isso, a OCDE pediu uma ação concreta ao grupo contra os riscos da crise.
ZONA DO EURO
A organização elogiou as medidas tomadas até o momento na zona do euro, dizendo que a região “deu um passo importante com o plano de recapitalização bancária e com as medidas acertadas entre os líderes da (UE) União Europeia”, mas alertando que isso deve ser colocado em prática “sem demora e com força”.
O ministro da Economia alemão, Wolfgang Schäuble, disse que não espera um acordo no G20 em relação à proposta da Alemanha e da França para a criação de um imposto sobre as transações financeiras, mas ainda tem esperanças de conseguir convencer o Reino Unido que, com a Suécia, vetam a medida.
“Estou convencido que se introduzirmos um imposto sobre as transações financeiras na UE, a probabilidade de alcançarmos um acordo global também aumentará muito”, disse citado pelo jornal “Finantial Times” nesta segunda-feira.
Schäuble ressaltou ainda que os países precisam dar “passos grandes” em direção à criação de uma “união fiscal”, e reconheceu a necessidade de contar com “instituições mais fortes” que supervisionem a aplicação de políticas financeiras acertadas mutuamente.
DESEMPREGO
Elevando as preocupações quanto à saúde econômica da zona do euro, o índice de desemprego na região medido em setembro foi de 10,2% da população ativa, o que representa o maior nível histórico, segundo a agência europeia de estatísticas Eurostat.
O mesmo nível havia sido alcançado em junho de 2010. Com os dados de setembro, a taxa de desemprego na zona do euro chega a seu quinto mês consecutivo acima de 10%.
A taxa ficou pouco acima aos dados revisados de 10,1% medidos em agosto. Inicialmente, a Eurostat apontava desemprego de 10% no período.
Segundo os cálculos da agência, 16,198 milhões de cidadãos da zona do euro estavam sem trabalho em setembro, o que o representa 188 mil a mais que no mês anterior.
A Espanha foi novamente o país do bloco com maior taxa de desemprego, de 22,6%, enquanto Áustria e Holanda registraram os menores índices, com, respectivamente, 3,9% e 4,5%. A França teve uma taxa de 9,9% em setembro e não há dados disponíveis para a Alemanha.
INFLAÇÃO
A inflação na zona do euro também não trouxe boas notícias. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) manteve em outubro a taxa acumulada em 12 meses de 3% que havia sido registrada em setembro, enquanto economistas previam que a alta caísse para 2,9%.
Esse é o maior nível desde o de 3,2% registrado em outubro de 2008 e é muito superior à meta perseguida pelo BCE (Banco Central Europeu), que é de algo próximo, porém inferior a 2%.
Os dados aumentam as incertezas diante da reunião da autoridade monetária da zona do euro, que se reúne na quinta-feira pela primeira vez sob o comando de seu novo presidente, Mario Draghi.
F.COM