Cientistas que observam o corpo há 20 anos acreditam que o encontro acontecerá em 2036
Um objeto misterioso e grande está sendo lentamente puxado e em breve será engolido por um buraco negro localizado no centro da Via Láctea. Desde 2022, observação do “evento” é feita por um grupo de astrônomos do Observatório WM Keck, em Mauna Kea, no Havaí.
O X7, como foi nomeado o objeto, é uma nuvem de poeira e gás ejetada durante a colisão de duas estrelas, com uma massa 50 vezes maior que a da Terra, segundo os pesquisadores. Um estudo recente apontou que o X7 se tornou tão grande justamente devido à intensa força gravitacional do buraco negro Sagitário A*.
A nova pesquisa ainda relata a dimensão do objeto que já é três mil vezes a distância entre o Sol e a Terra, ou seja, quase 500 bilhões de km.
“Esta é uma oportunidade única de observar os efeitos das forças de maré do buraco negro em alta resolução, dando-nos uma visão sobre a física do ambiente extremo do centro galáctico”, afirma Anna Ciurlo, pesquisadora assistente da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e principal autora do estudo do fenômeno.
Durante os 20 anos de acompanhamento do corpo misterioso, os dados permitiram acompanhar o desenvolvimento do X7 que, segundo a pesquisadora, nenhum outro objeto apresentou uma evolução tão extrema.
“Ele começou em forma de cometa, e muitos pensaram que talvez tivesse essa forma de ventos estelares ou jatos de partículas do buraco negro. Mas, ao segui-lo por 20 anos, vimos que ele se tornava mais alongado. Algo deve ter colocado esta nuvem em seu caminho particular”, explica Anna.
A equipe responsável pelo estudo acredita que, pela trajetória até o momento, o X7 deverá atingir o ponto mais próximo do buraco negro em 2036, quando deverá se tornar espiral, em direção ao Sagitário A*, e desaparecerá. Poético.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Filipe Siqueira