O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que não exclui a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes líbios em entrevista concedida à rede de televisão NBC. Questionado sobre a possibilidade de Washington fornecer armas às forças da oposição, Obama respondeu: “Não excluo isso, mas também não digo que faremos.”
“Estamos avaliando diariamente o que as forças de Kadafi fazem. As operações militares da coalizão começaram há 11 dias” e talvez nem seja preciso armar os rebeldes líbios, mas “não excluímos nada no momento”.
Na mesma entrevista, Obama disse que o líder líbio, Muamar Kadafi, deixará o poder por causa da intensa pressão internacional. “Nossa expectativa é de que, como seguimos exercendo uma forte pressão, não apenas militar, mas também por outros meios, Kadafi deixe finalmente o poder”.
Obama disse também que a operação na Líbia é um exemplo de como o mundo “deve trabalhar”, com os EUA no centro de uma ampla coalizão internacional.
Na segunda-feira, o líder americano defendeu em discurso sua decisão de lançar um ataque aéreo contra as forças de Kadafi para proteger os civis e estabelecer uma zona de exclusão aérea na Líbia.
Previamente, autoridades de mais de 35 países e organizações internacionais reunidas em uma conferência em Londres concordaram que Kadafi deve deixar o poder, mas evitaram discutir a possibilidade de armar os rebeldes que tentam derrubá-lo.
“O assunto não foi discutido, não foi levantado e não estava na agenda”, afirmou o secretário britânico das Relações Exteriores, William Hague. Ele acrescentou que uma resolução aprovada pela ONU determinou um embargo sobre a venda de armas para a Líbia que, “na visão da Grã-Bretanha, vale para todos os líbios”.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também afirmou que a possibilidade de armar os rebeldes não foi discutida na reunião, mas disse que uma eventual decisão nesse sentido seria legal. Segundo ela, no momento em que outra resolução da ONU aprovou a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia, anulou parte do embargo sobre venda de armas foi anulado. “Pode haver uma transferência legal de armamentos, se um país decidir fazê-lo”, afirmou.
A secretária acrescentou que, durante a reunião, os líderes discutiram a possibilidade de oferecer assistência não-letal para Conselho Nacional de Transição Interino (CNTR), que reúne grupos de oposição líbios. Segundo Hillary, os rebeldes precisarão de dinheiro para “cobrir necessidades financeiras e seguir adiante”.
“O que vemos na Líbia é um fortalecimento da oposição, um esforço persistente e consistente para manter o terreno ganho e recuperar o perdido”, afirmou a secretária americana. “Infelizmente, também vemos uma pressão contínua de Kadafi sobre os rebeldes e sobre a população.”
O porta-voz do CNTR, Mahmoud Shamman, disse que o grupo dá “boas-vindas” a qualquer tipo de ajuda. “Até agora não nos ofereceram nada, portanto não vou fazer comentários”, afirmou, acrescentando que os rebeldes “estão conseguindo muitas armas deixadas pelas forças de Kadafi quando são derrotadas”.
Apesar de Hague e Hillary terem dito que a possibilidade de armar rebeldes não foi discutida na reunião, outras autoridades deixaram claro que a ideia não é descartada.
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Em entrevista ao programa “Good Morning America”, da rede ABC, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, afirmou que novas medidas contra Kadafi podem ser adotadas “no longo prazo”.
“Ainda não tomamos esta decisão, mas com certeza não a descartamos”, afirmou. “A mensagem para Kadafi e aqueles próximos dele é que a história não está do seu lado. O tempo não está do seu lado. A pressão está aumentando.”
O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, afirmou que a França está disposta a discutir o assunto. “Armar rebeldes não está previsto em nenhuma das resoluções da ONU, e no momento nosso país se mantém à aplicação destas resoluções”, explicou. “Dito isso, estamos dispostos a conversar com nossos parceiros.”
O primeiro-ministro do Catar, Hamad Bin Jabr al-Thani, sugeriu que o assunto pode vir à tona se os bombardeiros aéreos não forem suficientes para proteger os civis líbios. “Depois de um tempo temos que avaliar se os ataques estão sendo eficazes”, afirmou. “Não podemos deixar as pessoas sofrerem por tanto tempo. Temos que acabar com esse derramamento de sangue.”
Nos últimos dias, combatentes anti-Kadafi retomaram o controle de cidades que haviam capturado no início da rebelião contra o regime, mas que haviam caído nas mãos de forças do governo.
Mas repetidos ataques realizados por tropas leais ao regime impediram-nos de alcançar Sirte, a cidade natal do coronel Kadafi e um alvo de forte simbolismo para os rebeldes.
Com AP, BBC e AFP
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