Uma novo e perigosíssimo hábito tem crescido entre as mulheres: o uso de hormônios da tireoide como recurso dietético. Não se sabe exatamente quantas estão adotando a prática no Brasil. VEJA consultou 18 médicos de São Paulo e do Rio de Janeiro, e todos, sem exceção, confirmaram a tendência. A princípio, a ideia faz todo sentido. A tireoide, uma das maiores glândulas do corpo humano, está localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo do popular gogó. Uma de suas funções primordiais é fabricar dois hormônios, o T3 e o T4, que participam da regulação do metabolismo. Eles estimulam o sistema nervoso a fabricar noradrenalina e adrenalina, compostos que aumentam o consumo de oxigênio celular em todo o organismo. Isso faz com que as células gastem energia. O desequilíbrio nesse mecanismo preciso é a causa de doenças. O hipotireoidismo, por exemplo, se configura pela produção desses hormônios abaixo do normal e requer o consumo de doses extras na forma sintética dos hormônios T3 e T4. A ingestão dessas substâncias emagrece porque ativa a queima de energia. Calcula-se que o T3 e o T4 aumentem em 40% o metabolismo basal, aquele necessário para o organismo manter as funções básicas, como os batimentos cardíacos, a temperatura do corpo, o consumo de oxigênio e o funcionamento dos rins. Há relatos de usuárias que perderam cinco quilos, em média, ao longo de um ano. No entanto, em mulheres saudáveis, o emagrecimento carrega um pacote nocivo. Um dos principais efeitos ruins das doses extras é o impacto no coração, órgão sensível a ação hormonal. Os hormônios aceleram o funcionamento cardíaco. Pode haver arritmia e insuficiência cardíaca.
Por Thais Botelho/Veja .Com