Na verdade, o que mais me deixa curioso é descobrir como essas previsões fazem para prever o imprevisível. Como fica a probabilidade do time favorito vencer se por um acaso tem o seu melhor jogador expulso nos primeiros 5 minutos de jogo, ou se ele sai de maca com uma grave lesão, ou se o árbitro é Edílson Pereira? Claro, estes problemas podem acontecer com qualquer time, o que justamente nos leva a conclusão de que cada jogo tem sua própria história, em um conjunto de fatores e circunstâncias que simplesmente não são ponderáveis em sua totalidade.
Para não sermos omissos e deixarmos de dar uma opinião concreta sobre o que as estatísticas indicam para o futuro do Campeonato Brasileiro de 2006, preferimos fazer uso de dados históricos para determinar nosso julgamento, neste caso os campeonatos de pontos corridos realizados recentemente no Brasil. Vamos aos fatos.
Primeiro analisemos os últimos campeões. No Campeonato Brasileiro de 2004, em 46 rodadas o Santos foi o campeão com 89 pontos, o que representa 64,5% de aproveitamento. Já o Corinthians de 2005 foi campeão com 81 pontos em 42 rodadas, ou 64,3% de aproveitamento. O São Paulo tem até a 28ª. rodada 56 pontos conquistados, ou 66,6% de aproveitamento. Com mais 10 jogos por disputar, atingindo 74 pontos o Tricolor chegaria ao “índice” dos campeões anteriores, faltando então mais 17 pontos por conquistar, algo como 5 vitórias e 2 empates.
Na parte debaixo da tabela, a nota de corte vem subindo a cada ano. Em 2003 o 1º. time que se salvou do rebaixamento teve 36,2% de aproveitamento, em 2004 obteve 37%, e em 2005 40,5%. A Ponte, hoje a primeira a escapar da degola, tem 39,3% de aproveitamento. Com a meta em torno dos 51 pontos, caberia por exemplo ao Corinthians a façanha de somar mais 19 pontos, ou ao Santa Cruz somar mais 9 vitórias nas 10 partidas que lhe resta. Improvável, mas não impossível.
E no final das contas, qual a chance do São Paulo ser campeão? Muito grande, o São Paulo lidera consistentemente as estatísticas em fundamentos importantes como assistências, finalizações, gols feitos, passes certos e posse de bola. Qual o percentual de chance? Depois da experiência do Atlético Paranaense em 2004, que liderava com 7 pontos de vantagem e no final chegou 3 atrás do Santos, e do Fluminense em 2005 que perdeu de forma inexplicável a vaga na Libertadores após 5 derrotas consecutivas, está claro que iludir o torcedor com percentuais altíssimos favoráveis é induzi-lo a esquecer que o mesmo número esconde um pequeno percentual negativo que de fato pode ocorrer. E que por mais que as previsões sejam acuradas, elas não conseguirão determinar um número que abrace com precisão todas as variáveis que podem acontecer dentro das 4 linhas.
