Empresas brasileiras como a Brasil BioFuels (BBF) já atuam diretamente nesse movimento e contribuem para a redução da emissão de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono
A transição energética é um assunto que promete ocupar cada vez mais espaço no cotidiano e nos noticiários do Brasil e do mundo. Ela já foi até definida como o grande desafio do século. Nesta semana, por exemplo, a Eletrobras e a Petrobras participaram da abertura do evento MIT Reap In Rio, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Wilson Ferreira Jr., ex-presidente da Vibra Energia, que retornou ao comando da estatal há quatro meses, ressaltou que o Brasil tem plena condição de avançar e até liderar na transição energética mundial, tendo como seus principais trunfos as maiores capacidades de captura de carbono e o potencial para as fontes renováveis.
Quem também falou sobre o assunto foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acredita que a transição energética do Brasil pode ser uma das mais rápidas do mundo: “A matriz que está se desenhando no Brasil é uma matriz complexa, que envolve uma transição que talvez seja a mais rápida que pode ser feita no mundo”, disse. Para ele, é necessário pensar na matriz por inteiro para promover essa transição, sem que seja feita a substituição de uma matriz por outra.
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Mas afinal, o que é a transição energética e por que ela é tão importante?
Não é novidade que o nosso planeta está cada vez mais quente. O aquecimento global, além de provocar o derretimento das geleiras e o aumento do nível do mar, desencadeia outras mudanças climáticas — entre elas, o aumento de fenômenos como furacões, inundações e incêndios. Há algumas causas que explicam essas mudanças. No entanto, a principal delas está nas emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Entre eles, o dióxido de carbono, que provém, em grande parte, do setor energético. Ou seja: reduzir as emissões CO2 é urgente e necessário para frear o aquecimento global. “Nossa sociedade está em uma inércia muito grande em relação às mudanças climáticas. Estamos indo em direção a um aquecimento de mais de 4º C, segundo relatórios do IPCC/ONU. Essa média global de aquecimento significa que algumas áreas podem estar sujeitas a aumentos ainda mais severos de temperatura, que o nível do mar vai aumentar muito e que eventos extremos, como secas, inundações e ondas de calor, serão cada vez mais comuns”, explica Stephanie Maalouf, engenheira ambiental pela Poli-USP com master em transição energética pela École dês Ponts Paristech, na França.
Diante dessa missão, uma das principais atitudes que devem ser tomadas em prol desse objetivo é justamente a transição energética, que consiste na passagem de uma matriz energética focada nos combustíveis fósseis para uma com pouca — se possível zero — emissão de carbono. Isto é, baseada em fontes renováveis. A transição energética propõe uma completa transformação na maneira de produzir e consumir energia, reduzindo cada vez mais a dependência das fontes fósseis e adotando, no lugar, fontes limpas e renováveis. Com a urgência de ações que retardem as mudanças climáticas, a transição energética se torna fundamental.
“A transição energética pode ser definida como a necessidade de transicionar os nossos sistemas de energias baseados em combustíveis fósseis — como petróleo, gás natural, carvão — para energias limpas ou renováveis — como nuclear, solar, hidrelétrica, biocombustíveis. Isso também inclui, de forma mais holística, não apenas trocar as formas de geração de energia dos países, mas, sim, revisar, de modo mais amplo e generalizado, as formas como os seres humanos usam essa energia. Nos transportes, por exemplo, envolve favorecer o uso de bicicleta, seguido do transporte público e, depois, do veículo elétrico ou a biocombustíveis. Ou seja, é uma mudança de paradigma que envolve a sociedade e a maneira como as pessoas consomem seus bens”, resume Stephanie. “A transição energética, bem como outras formas de mitigação da emissão dos gases do efeito estufa, são necessárias para o meio ambiente e para nós mesmos. Os seres humanos se desenvolveram nesse planeta de clima relativamente estável. Nossa agricultura, economia, transporte e comércio mundial são baseados nisso. Então, se não interferimos nisso agora, crises maiores e transformações sem volta vão acontecer”, completa.
Passo a passo
É importante ressaltar que a transição energética, apesar do nome, vai muito além de energia — conforme apontado pela especialista, ela envolve mudanças no paradigma de todo o sistema. Além disso, é um processo que demanda cautela a fim de evitar riscos, como falta de energia ou alta nos preços. A transformação é urgente, mas deve acontecer de forma gradativa. Não tem como um país — especialmente do tamanho do Brasil — deixar de consumir combustíveis fósseis totalmente em um curto espaço de tempo, mas ações governamentais podem incentivar a indústria, as empresas do setor privado e a sociedade civil a colaborarem com essa mudança.
Mas com o devido planejamento, os resultados são abrangentes. É claro que os principais efeitos estão relacionados ao caráter ambiental, mas a transição também representa diversas novas oportunidades — tais como o aumento de empregos e o desenvolvimento social de comunidades. Além disso, uma energia mais limpa e mais barata pode chegar a locais que ainda enfrentam a chamada “pobreza energética”. Com potenciais resultados na economia, na sociedade e no bem-estar das populações, pode-se dizer que a transição energética está alinhada à pauta ESG — outro assunto em voga nas sociedades. A adoção de biocombustíveis também corrobora com alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas. O objetivo número sete, por exemplo, fala sobre assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos e todas, enquanto o objetivo número treze é tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
O cenário nacional
“O Brasil, por um lado, precisa investir mais em pesquisa e a população precisa estar mais consciente das mudanças climáticas para conseguir cobrar políticas públicas e tomar decisões de consumo melhores. Por outro lado, nós temos muitas terras, e temos condições naturais mais favoráveis do que a maioria dos outros países. Nesse sentido, podemos usar essas terras para a produção de biocombustíveis e para replantar florestas armazenando carbono”, avalia Stephanie. “O maior desafio para a transição energética no Brasil é o planejamento ambiental de longo prazo — o que nosso país ainda carece. Outro grande desafio é que precisamos de muito investimento nas áreas técnicas e também na sensibilização da população. Esses são investimentos que, a longo prazo, se pagarão. Por fim, outro grande desafio está na concentração de renda. As pessoas mais afetadas pela crise climática geralmente não são as que têm maior poder de decisão e voz”, acrescenta.
O que tem sido feito
Diante das mudanças climáticas e dos impactos que já existem, é fundamental que essa substituição de combustíveis fósseis por energias limpas e renováveis seja feita o quanto antes. Em paralelo, deve-se aumentar a eficiência energética e os esforços para que sejam desenvolvidas tecnologias que ajudem nessa transição.
No Brasil, algumas empresas já despontam com sua atuação nesse sentido. Atualmente, grande parte da população da região Norte do país faz uso de uma energia elétrica de baixo custo e totalmente limpa. Por trás dessa realidade, está o trabalho da Brasil BioFuels (BBF), empresa brasileira que atua no agronegócio sustentável desde o cultivo da palma de óleo, trading, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável. Desde 2008, ano de sua fundação, a BBF assumiu a missão de mudar a matriz energética dos Sistemas Isolados do Norte do Brasil, criando empregos, gerando renda e ainda reduzindo o custo da eletricidade para os nortistas. A matriz, que passou a ser sustentável e limpa, substitui o uso de óleo diesel fóssil por biodiesel produzido a partir do óleo de palma — a empresa é, inclusive, a maior produtora de óleo de palma da América Latina na atualidade — e segue ampliando seus objetivos a fim de contribuir para a transição energética do país com outras frentes de negócios.
O Grupo BBF possui modelo de negócio verticalizado e integrado, composto por três verticais de atuação: BBF Agro, BBF Biocombustíveis e BBF Energia. Na prática, funciona da seguinte maneira: a empresa planta a palma de óleo em áreas degradadas da Amazônia, colhe e processa o fruto para extrair o óleo. A partir do óleo de palma, produz biodiesel e produzirá também o diesel verde (HVO) e combustível sustentável de aviação (SAF), a partir de 2025. Com o biodiesel já fabricado, a BBF gera energia elétrica renovável para localidades isoladas na região Norte, substituindo combustíveis fósseis e descarbonizando a floresta amazônica. Produzidos a partir do óleo de palma para a geração de energia elétrica limpa, os biocombustíveis da BBF são uma opção sustentável para o abastecimento de caminhões, equipamentos e geradores de energia. Assim, ela cumpre diretamente os três pilares estabelecidos desde o início do trabalho: compromisso com a preservação do meio ambiente, geração de renda e desenvolvimento socioeconômico — valores estes que, conforme mencionamos acima, caminham lado a lado na transição energética.
A empresa possui 38 usinas termelétricas na região Norte, com capacidade de geração de 238MW. São 25 usinas em operação — atendendo 140 mil clientes — além de 13 em implantação. Todas as usinas operam com combustíveis renováveis, sendo eles biocombustíveis — biodiesel e óleo vegetal — e biomassa oriunda da palma de óleo. Nesse sentido, é importante ressaltar o caráter sustentável e favorável ao meio ambiente do modelo do negócio: a BBF consegue retirar mais de 106,4 milhões de litros de diesel fóssil anualmente da Amazônia, reduzindo em 90% a emissão de carbono na região (cerca de 250 mil toneladas de carbono equivalente). “A Amazônia está intoxicada pela queima do diesel usado no transporte e na geração de energia elétrica para as comunidades isoladas. A missão da BBF é limpar o pulmão da Amazônia com energia limpa e renovável”, define Milton Steagall, CEO do Grupo BBF.
Fonte:JovemPan