O Estado de Mato Grosso apresenta uma grande variedade de ambiências geológicas, propícias ao desenvolvimento de trabalhos de pesquisa e exploração para granitos e rochas ornamentais, considerando-se a diversidade litológica associada ao seu embasamento, corpos intrusivos e derrames vulcânicos encontrados em suas diferentes regiões.
Existe uma imensidade de tipos petrográficos, com variedades de composição mineralógica, de cores, de estruturas e texturas que permitem escolhas que vão do cinza ao vermelho, passando pelo azul e pelo verde, da grã fina a grã grosseira, maciços ou movimentados, permitindo assim opções de comercialização que tornam viáveis investimentos no setor.
A ampla distribuição geográfica é outro fator que favorece a exploração desse importante bem mineral. Diferentes regiões do Estado possuem exposições significativas de “granitos” e “movimentados” destacando-se as regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudoeste. As demais possuem ocorrências de mármores, quatzitos e outras variedades de rochas, passíveis de aproveitamento economico.Por outro lado, são poucos os trabalhos técnicos direcionados ao estudo dessas rochas, deficiência que associada à questão de logística e infra-estrutura, energia e transporte, tem dificultado o desenvolvimento do setor, explicando a quase ausência do Estado na sua produção, exploração e comercialização.
Para permitir o desenvolvimento do setor algumas iniciativas pioneiras tem sido tomadas à nível de Estado, principalmente pela Companhia Matogrossense de Mineração – METAMAT -( vinculada a Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia-SICME) . Dentre estes trabalhos o mais importantes estão relacionados ao rastreamento das ocorrências e a divulgação do seu potencial econômico.
Neste aspecto, um projeto de importância fundamental é o Projeto de “Utilização de Artefatos de Pedra na Indústria de Construção Civil”, iniciativa pioneira, implantada na região de Alta Floresta com a criação da “Cooperativa de Produção Comunitária de Artefatos de Pedra para Obras e Construção Civil”-a COOPERGRAN, embrião de um futuro pólo graniteiro na região norte do Estado.
O objetivo fundamental da criação desta Cooperativa é o aproveitamento de rochas graníticas para a produção de “cantarias” (paralelepípedos, guias, blocos, placas, colunas, lápides e outros) utilizando-se mão- de- obra disponível e promovendo-se a utilização de recursos naturais existentes próximos aos centros urbanos.
A grande demanda por esses materiais no calçamento de vias públicas, calçadas, pátios e estacionamentos e ao mesmo a possibilidade de geração de emprego e renda local, com redução de custos na indústria da construção civil é outro fator que atualmente justifica a implementação de um projeto com esse enfoque.
Num primeiro momento, prevê-se a utilização da matéria-prima para a produção de artefatos de pedra, mas posteriormente visualiza-se sua utilização na produção de rochas ornamentais, já que o processo de avanço, através de “fogacho”, é o mesmo utilizado tanto para a obtenção de um como de outro.
Inicialmente a boa utilização desse potencial passa pelo treinamento e capacitação do pessoal empregado, da utilização de equipamentos mais sofisticados como compressores e marteletes e o mais importante, da produção de artefatos de qualidade. A seguir, através da utilização de parcerias com as prefeituras municipais, da divulgação das qualidades do produto, da sua resistência e durabilidade, alcançaremos a fase de distribuição, comercialização e instalação, com menores custos e a melhores preços.
Ao final, teremos, através da extrema mobilidade das equipes de extração de blocos, a possibilidade de aproveitamento das diferentes fontes de matéria-prima na produção racional de blocos, placas, pequenas peças de artesanato ou mesmo de brita de resíduo, dentro do conceito de economicamente sustentável, socialmente justo e ambientalmente correto.
O projeto encontra-se fase de andamento em parceria com o Departamento Nacional da Produção Mineral- DNPM (12º Distrito) e das prefeituras municipais de Alta Floresta, Terra Nova do Norte, Paranaíta, entre outras. Esperamos que estes trabalhos tenham , como conseqüência, uma melhor divulgação do potencial mineral do estado.
*Marcos Vinicius de Barros é Geólogo da Companhia Matogrossense de Mineração formado pela UFMT em 1982 – Especialista em Meio – fisico com curso de Aperfeçoamento em Gestão Pública. Membro fundador do Conselho Superior da Fundaçao de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso- FAPEMAT 1991. Professor auxiliar do Departamento de Geologia Geral, (Geotecnia e Hidrogeologia) UFMT 1995. Conselheiro Titular e Coordenador da Câmara de Geologia, Minas e Industrial do CREA/MT.