Itália, Polônia e Reino Unido estão intrigadas com um crime misterioso: a modelo britânica Chloe Ayling, de 20 anos, afirma ter sido raptada para ser vendida como escrava sexual em um leilão online. Para uma parte dos investigadores, ela foi induzida a acreditar que era refém de uma grande organização criminosa. Outros acreditam que tudo não passou de uma encenação.
Segundo seu depoimento para a polícia italiana, Chloe foi rendida e sedada por dois homens no dia 11 de julho, no centro de Milão, quando chegava a um estúdio para uma sessão de fotos. “Quando acordei, me dei conta que estava no porta-malas de um carro com meus pés e mãos amarrados e minha boca amordaçada”, afirmou. A vítima foi levada a uma casa na cidade de Borgial, a duas horas de Milão, onde permaneceu trancada em um quarto por seis dias. Enquanto isso, os sequestradores tentavam leiloar a modelo como escrava sexual pela “deep web”, área da internet que não é visualizada por serviços de buscas como o Google. Ao mesmo tempo, os criminosos exigiam que o agente dela pagasse um resgate.
No anúncio do leilão, a loira aparece vestida com um maiô rosa e segurando um papel com o lance inicial de US$ 300 mil em bitcoins, a moeda digital usada nesse tipo de transação. A jovem, no entanto, foi libertada no dia 17 de julho e deixada por um sequestrador em frente ao Consulado Britânico de Milão. A história ficou ainda mais bizarra após a prisão do polonês Lukasz Herba, também morador do Reino Unido, que reivindicou o sequestro. Ele confessou ser assassino de aluguel e disse trabalhar para o grupo Black Death, que opera na deep web oferecendo serviços como ataques a bomba, sequestro e venda de crianças. O polonês disse ainda que sofre de leucemia e que sequestrou a modelo após ter sido ameaçado por um grupo de romenos de Birmingham, no Reino Unido, quando foi pedir dinheiro para o tratamento. A Europol informou que há apenas uma menção ao Black Death em seu banco de dados — e tudo indica que o grupo nem sequer existe.
COMPRAS
Outros fatos surgiram depois que o caso foi revelado à imprensa e aumentaram a desconfiança das autoridades. Primeiro, uma vendedora testemunhou que viu a modelo e o polonês comprando sapatos durante o período em que ela disse estar em cativeiro. A jovem admitiu que foi fazer compras com o bandido, mas informou que não “poderia dar uma explicação razoável” sobre o motivo de ter omitido isso em seu depoimento inicial. Outro detalhe é que investigadores britânicos descobriram que a modelo conhecera o sequestrador em uma sessão fotográfica em Paris. O advogado de Chloe, Francesco Pesce, disse que não há como a jovem ter inventado a história. “A insinuação de que ela estaria envolvida é inimaginável”, comentou.
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