Após seis anos causando dores de ouvido e inúmeros tropeços de verbalização, a patética discussão sobre o tratamento de “presidente” ou “presidenta” finalmente ocupa sua dimensão merecida: a lata de lixo dos temas nacionais irrelevantes e o enterro da politização do uso e costumes da língua portuguesa. Essa pseudo-polêmica foi concebida em 2010, quando Dilma Rousseff assumiu seu primeiro mandato e orientou seus funcionários, assessores, servidores e veículos de comunicação oficiais a usar o esquisitíssimo termo “presidenta”.
Segundo Dilma Roussef, e a lógica de seus asseclas petistas, ela deveria ser chamada de “presidenta”, pois a forma feminina da palavra ressaltaria sua condição de primeira mulher a presidir o Brasil. O fato de ser mulher não era o suficiente para ser reconhecida como mulher presidente.
Mas, como tudo na vida, existem outras opiniões. Em 2006, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a jurista e magistrada Cármen Lucia Antunes Rocha para assumir o cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal. Há poucas semanas, ao ser eleita para presidir o STF, a ministra Cármen Lucia fez a seguinte declaração: “Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa. Acho que o cargo é de presidente, não é não?”. Com efeito, a ministra é coerente na sua visão gramatical ao lembrar que foi estudante e não “estudanta”!
Se Dilma, com o apoio incondicional dos petistas, insiste tanto em ser tratada de forma tão diversa em relação aos presidentes homens, ela agora possui a opção de ficar ainda mais diferente e alterar seu tão quisto e esquisito título de “presidenta” para “presidenta-cassada”.