Os novos contratos futuros de moedas lançados pela Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa) no final de maio movimentaram R$ 1,5 bilhão no primeiro mês de negociação. Marcos Carreira, diretor de produtos derivativos da Bolsa, afirma considerar positivo o fato de que, em quatro dos cinco produtos lançados, o número de contratos foi “praticamente o mesmo que do euro”. No final do mês de junho, o balanço mudou, porque a moeda da União Europeia teve um pico de negócios e distorceu os dados totais.
A BM&FBovespa colocou no mercado em 31 de maio novos derivativos de moeda. Derivativos são instrumentos financeiros que têm seus preços derivados das cotações de um ativo ou de uma mercadoria. Há produtos referenciados no preço do dólar, do ouro, do café, do etanol e até do Ibovespa, o índice que espelha o movimento do mercado de ações brasileiro.
O contrato futuro de câmbio de dólares australianos por real, com cotação de R$ 1,00 por mil moedas da Austrália é um dos novos produtos. O tamanho desse contrato é de 60 mil dólares. No mesmo dia, a Bolsa levou ao mercado o contrato futuro de câmbio de ienes por reais, com cotação de 100 mil ienes por R$ 1,00 e tamanho de 5 milhões de ienes. No caso da libra esterlina, a cotação é de R$ 1,00 por mil libras e de 35 mil libras cada contrato. Já o peso mexicano tem cotação de 10 mil pesos por R$ 1,00 e o contrato é de 750 mil pesos por R$ 1,00.
O quinto contrato é o de câmbio futuro de R$ 1,00 por mil dólares canadenses, com tamanho de 60 mil dólares. “Com este contrato não houve negócios”, conta Carreira. Segundo o diretor da Bolsa, na próxima reunião que tiver com os participantes do mercado irá verificar as causas de não ter havido procura pelos derivativos. “Nós criamos os contratos de acordo com a demanda dos agentes do mercado”, afirma. “Como estamos falando de apenas um mês, no entanto, achamos positivo ter negócios com quatro contratos novos.”
Sob demanda
Os derivativos em novas moedas foram criados, segundo Marcos Carreira, para atender a demanda por hedge (proteção) por parte de companhias brasileiras que fazem negócios com os países de origem dessas moedas e também para atender fundos e gestores de carteiras que querem diversificar seus portfólios. “Com eles (os novos contratos), você tem uma precificação transparente das transações com as moedas desses países.”
Segundo o executivo, o que deve ser avaliado como positivamente é a freqüência das negociações. “Foi uma freqüência razoável, dada a novidade dos produtos”, diz Carreira. O euro, por exemplo, teve seu contrato futuro lançado na Bolsa em julho de 2001 e hoje tem negócios diários.
Segundo os dados da BM&FBovespa, foi negociada uma média diária de 1.538 contratos futuros em euro em junho. Quatro dos cinco novos contratos de moeda registraram média diária de 745 contratos, sendo que o contrato de dólares australianos ficou com a maior média entre os novos: 436 contratos. Para liquidação futura, ficaram abertos 16.940 contratos em euros e 5.057 em quatro das novas moedas.
Nelson Rocco, iG São Paulo/U.Seg