Os serviços de Inteligência franceses desmantelaram um atentado com explosivos, ou com “veneno”, que seria cometido em Paris, com a detenção, em 11 de maio, de um egípcio desconhecido das forças de segurança, na véspera de um ataque extremista que deixou um morto na capital.
Trata-se do terceiro atentado frustrado pela Direção Geral da Segurança Interna (DGSI) desde o início do ano. No primeiro caso, foi detido um homem que planejava um ataque no sul da França e, no segundo, desmantelou-se um possível ataque contra grandes instalações esportivas no oeste.
O suspeito, nascido no Egito em 1998, residia na França em situação irregular. Preparava-se para cometer “um atentado, com explosivos, ou com ricina, um veneno (…) muito potente”, anunciou o ministro do Interior, Gérard Collomb, no canal de notícias francês BFMTV.
O jovem foi indiciado por “associação criminosa terrorista” e foi posto em prisão preventiva em 15 de maio, informou uma fonte judicial.
Um segundo egípcio, familiar do primeiro, e não seu irmão, como anunciou Collomb inicialmente, ficou em liberdade sem que acusações tenham sido apresentadas contra ele, acrescentou a mesma fonte.
A DGSI conseguiu identificar o cidadão egípcio que planejava o atentado pelas redes sociais, através de uma conta especialmente ativa nos círculos pró-jihadistas, indicou uma fonte ligada à investigação.
No dia 11 de maio, as forças de segurança revistaram o domicílio do suspeito no Distrito 18 de Paris, no norte da capital. Lá foi apreendida uma bolsa que continha pólvora negra extraída de artefatos. Também foram encontrados vários dispositivos digitais que continham, entre outras coisas, tutoriais para fabricar explosivos e um vídeo sobre o uso de um veneno potente, acrescentou a mesma fonte.
– ‘Disposto a morrer como mártir’ –
Durante sua detenção, o suspeito reconheceu que havia consultado propaganda jihadista e explicou que um indivíduo, não identificado até o momento, havia-lhe pedido, pelo app de troca de mensagens Telegram, que conseguisse artefatos para fabricar uma bomba e cometer um ataque na França, informou a mesma fonte.
Mas “o interrogatório revelou que, na realidade, havia aceitado essa missão e que também estava disposto a morrer como um mártir, detonando-se”, acrescentou.
Sua detenção aconteceu na véspera do ataque a faca cometido em Paris por Khamzat Azimov, um extremista franco-russo que matou uma pessoa e feriu outras cinco, no bairro da Ópera, em pleno centro da capital francesa.
Na quinta-feira à noite, um amigo do agressor Abdul Hakim A., um franco-russo de 20 anos, foi indiciado por “associação criminosa terrorista, visando a preparar crimes”. Também foram detidas duas jovens ligadas a Abdul Hakim A.
No total, 51 atentados foram desmantelados desde janeiro de 2015, informou no final de março o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.
A França está mergulhada em um período de violência extremista desde janeiro de 2015, quando atentados contra o semanário satírico Charlie Hebdo, uma policial municipal e um supermercado kosher em Paris deixaram 17 mortos.
O ataque a faca de sábado eleva para 246 o número de mortos desde o início dessa onda de atentados na França.
AFP-ISTOÉ