O ministro Fernando Haddad (Educação) disse neste domingo que deve anunciar até a próxima quarta-feira a nova data de realização do Enem. O titular da pasta se encontra na terça com o ministro Tarso Genro (Justiça), que está em viagem oficial fora do país.
Haddad descartou, porém, a possibilidade de a prova ser realizada até a primeira quinzena de novembro. “Isso é impossível”, disse.
O ministro se reúne nesta segunda-feira com reitores e representantes estaduais para discutir qual a melhor data para a realização do exame. “A data vai depender da reunião com os reitores, marcada para amanhã, e das universidades. Aí poderemos fazer o fechamento do quadro e a divulgação do calendário e das medidas a serem tomadas”, afirmou.
Haddad vai apresentar a Tarso um “mapeamento” das investigações da Polícia Federal, realizado até o momento, sobre os responsáveis pelo vazamento do Enem. O ministro também vai discutir com Tarso a possibilidade de envio de homens da Força Nacional de Segurança para reforçar a segurança do novo exame a ser aplicado em todo o país.
“Isso está sendo cogitado. Se identificarmos a necessidade [do uso da força], nós o faremos. Queremos a inteligência da Polícia Federal, a sua colaboração. Se temos uma Polícia Federal eficiente que em 48 horas esclareceu os autores do crime, temos que continuar contando com a Polícia Federal”, afirmou.
O ministro não revelou informações sigilosas que recebeu da PF para preservar as investigações. Haddad disse acreditar que a ação tenha sido um ato delinquente, sem uma quadrilha por trás do vazamento do exame. Mas disse que as conclusões finais sobre o roubo da prova só serão conhecidas ao final das investigações.
Questão de honra
Haddad disse que o trabalho da Polícia Federal, que teria identificado até agora três pessoas pelo vazamento do exame, foi de fundamental importância para que o inquérito seja deflagrado.
“Era uma questão de honra chegar até essas pessoas. Ainda há uma pessoa a ser localizada pelas informações que recebemos. A partir do fechamento do inquérito teremos acesso ao modo de operação das pessoas envolvidas. É lamentável que um ato delinquente como esse tenha colocado em risco algo tão importante para o país”, disse o ministro.
A Polícia Federal procura o terceiro investigado pelo vazamento das provas do Enem: Felipe Pradella. Se até amanhã ele não se apresentar, a PF vai pedir à Justiça Federal sua prisão.
Segundo reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, foi Pradella quem conseguiu as provas e as repassou para o DJ Gregory Camillo de Oliveira Craid, de quem é amigo. Gregory e o empresário Luciano Rodrigues foram ouvidos ontem pela PF e indiciados por violação de sigilo funcional.
A PF ainda investiga se Pradella é segurança do consórcio Connasel (Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção), contratado para aplicação e logística do exame, ou se coordenava o manuseio dos cadernos de questões.
Reuniões
Além do encontro de Haddad com Tarso e com os reitores, representantes do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) se reúnem amanhã com representantes do consórcio Connasel para decidir se o governo poderá romper o contrato com os responsáveis pela aplicação e logística do exame.
A área jurídica do Ministério da Educação está avaliando se há possibilidade de rompimento do contrato, uma vez que não houve outras empresas participantes da licitação que escolheu o Connasel para o Enem.
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online