O aumento de 6% no valor da farinha de trigo, no início deste mês, resultará no reajuste de preço do pão francês, que será majorado em pelo menos 8% aos consumidores nos próximos dias. Hoje, o preço médio do quilo do pão custa de R$ 9 a R$ 14 em Cuiabá. Com o reajuste, os valores ficariam entre R$ 9,72 e R$ 15,68. Caberá a cada estabelecimento decidir se vai ou não aplicar a correção.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Sindipan/MT), Hernando Brito, um dos motivos do reajuste é o encarecimento da farinha de trigo, cujos estoques estão baixos. O trigo consumido no Brasil é importado principalmente da Argentina, que sofreu com a seca e registra queda na produção, e de outros exportadores como os Estados Unidos. As variações de preço interferem diretamente na indústria da panificação.
Em reunião, a diretoria do Sindipan/MT sentiu a necessidade de repassar o reajuste, pois além dos insumos, houve aumento no valor da mão de obra em 7%, e nas embalagens em 5%. “Infelizmente não temos como segurar”, afirma Brito.
Rodrigo Nogueira, diretor do Sindipan/MT e proprietário da Indústria Pão e Arte, informa que o aumento da matéria-prima foi o motivo principal da correção de preços, mas que os custos vêm em curva crescente nos últimos meses, não sendo mais possível deixar de repassar. “A matéria-prima subiu de 5% a 8%, dependendo da região do país. A seca nos países produtores de trigo, principalmente nos Estados Unidos, fez com que o estoque mundial baixasse. Como o trigo é uma commodity, o preço foi nas alturas”.
Nogueira relata que o custo para manter o funcionamento da indústria também pesou na decisão. Segundo ele, a mão de obra é o que mais tem onerado a produção na fábrica, tem 500 funcionários. “Além da mão de obra, o frete também subiu 8%”. Na indústria dele, que produz 150 toneladas por dia entre pães e pães de queijo, a alta repassada aos clientes supermercadistas será de 10%.
Na padaria do Moinho, na Capital, segundo o gerente Mário Kokura, não haverá aumento no preço dos pães, porque a empresa conseguiu fechar um contrato sem correção de preço com o fornecedor. “Aqui já compramos o trigo mais caro e fechamos um contrato mais barato com o fornecedor, justamente para não haver o repasse”, pontua. A empresa está há 3 anos no mercado e produz 250 quilos de pães diariamente. Apesar da quantidade, a venda de pães corresponde a apenas 20% da receita do estabelecimento, diz Kokura.