quinta-feira, 21/11/2024
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Nossa saudosa Cuiabá

Acompanhar a confusão e o desgoverno promovido pelos políticos é de doer o coração de qualquer cidadão que ama Cuiabá. Às vezes dirijo cantando “Tem São Gonçalo, Cururu e Siriri, Cuiabá, Cuiabá. Do Coxipó do Ouro, da manga e do pequi…” e me lembro de um fato que marcou minha vida. Viajei para casa de uma tia e lá fiquei por um mês. Quando o ônibus me trouxe de volta, meus olhos não se contiveram. As lágrimas e a saudade transbordaram e eu chorei cantando essa música tão típica, tão nossa.

Amo minha cidade. Minha família é toda daqui. Meus queridos tios professores Francisco de Figueiredo e João Crisóstomo , dr. José Feliciano, meus avós Ana Catarina de Figueiredo e tenente Euclides Corrêa da Silva, primo da minha mãe, o ilustre Dante de Oliveira e tia Maria Benedita, e tantos outros que não são parentes, mas são daqui. Somos o povo cuiabano.

Minha família está se esvaindo, aos poucos a geração se renova. Natural que o ciclo da vida cumpra seu papel. Minha dor é perceber que os representantes do povo não amam nossa cidade o suficiente. Fizeram dessa Copa do Mundo uma grande fenda por onde escoa o dinheiro público.

As brigas e picuinhas na Secopa atrapalham o bom funcionamento da secretaria que, por sinal, deveria fiscalizar e agilizar as obras de mobilidade urbana, bem como executar benfeitorias nos diversos bairros da Capital e de Várzea Grande.

Continua tudo do mesmo jeito. O jogo político e interesses próprios jogam a grande oportunidade no lixo. Os prontos-socorros continuam uma vergonha e mais de 250 crianças estão fora da sala de aula por não existir escolas suficientes. Mães dormem dias e dias em frente às creches para conseguir uma vaga. O governo não tem como pagar empresas terceirizadas e os presídios superlotados continuam atendendo em condições subumanas.

Fico me perguntando: quando iremos ser uma capital de alto padrão no quesito qualidade de vida? Há pouquíssimos teatros, cinemas e praças. Parques se tornaram alvo de estupradores e ladrões. O trânsito? Bom, o trânsito eu não quero nem comentar.

Apesar dos problemas sociais e das cracolândias, o que mais me dói é o abandono. Estamos abandonados por nós mesmos e pelo poder público. O forte calor e o capitalismo nos blindaram. Quase toda frota de veículos de Cuiabá circula com insulfilm e a maioria tem ar- condicionado. Vidros fechados. Vemos-nos como vultos. Esses dias parei meu carro em frente a vários outros e tranquei as saídas de uns três. Decidi permanecer no veículo para o caso de alguém chegar e precisar sair. Verifiquei que nenhum falou comigo. As pessoas chegavam e entravam nos seus carros. Ligavam e engatavam a ré. Eu entendia que queriam sair e também dava ré. Saíam. Nunca mais vi aquelas pessoas. A cidade cresceu, o amor diminuiu e o conformismo com a corrupção calcificou-se.

Jornalista – Ana Adélia Jácomo

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Parmenas Alt
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A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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