A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciou nesta segunda-feira (19) importantes projetos de ajuda ao Paquistão, que ampliam a aliança estratégica de Washington com um sócio fundamental na luta contra a insurgência afegã.
Hillary, que chegou no domingo ao Paquistão, e seu colega Shah Mehmood Qureshi saudaram a nova fase que se abre nas relações entre ambos os países, nem sempre fáceis.
A secretária de Estado anunciou programas de ajuda civil ao Paquistão no valor de mais de US$ 500 milhões, e considerou que o emprego, a saúde, a educação e a alimentação são as garantias de uma “segurança fundada nos elementos essenciais da vida cotidiana”.
Qureshi disse esperar que os anúncios de ajuda mostrem ao povo de seu país “os verdadeiros benefícios” da relação” com os Estados Unidos, mal vista por muitos paquistaneses por causa das vítimas dos drones (aviões sem piloto) americanos que operam nas zonas tribais na fronteira com o Afeganistão.
Ampliando sua aliança para outros setores além da luta contra o terrorismo, Washington espera convencer Islamabad de que suas prioridades estratégicas são as mesmas, sobretudo em relação ao vizinho Afeganistão, onde estão mobilizados cerca de 100 mil militares americanos.
O governo Obama quer que Islamabad endureça sua política contra os talibãs que utilizam seu território para atacar as forças internacionais mobilizadas do outro lado da fronteira.
Islamabad desmente qualquer vínculo com os talibãs, mas de acordo com vários observadores, parte dos serviços de inteligência paquistaneses continua vendo os insurgentes afegãos como um apoio contra a Índia, considerada o inimigo número um do Paquistão.
A luta contra o terror é o assunto central das relações bilaterais, principalmente depois que em maio passado, um atentado frustrado na Times Square em Nova York foi reivindicado pelo principal movimento talibã paquistanês, o Tehrik e Taliban (TTP).
Desde a sua chegada a Islamabad no domingo, Hillary pediu claramente aos paquistaneses que façam mais contra o terrorismo. “Pedimos medidas suplementares, e esperamos que os paquistaneses as tomem”, declarou à BBC.
Os principais projetos anunciados nesta segunda-feira pela secretária de Estado americana estão relacionados à água e à energia, dois setores deficientes no Paquistão, um país pobre e instável de 170 milhões de habitantes.
O plano para a água inclui vários projetos de represas nas zonas de Gomal Zam, Satpara e Baluchistão. Três hospitais serão ampliados e renovados em Karachi, Lahore e Jacobabad.
Dois programas específicos serão dedicados também à agricultura, um para a formação de mulheres na produção de leite e outro para aumentar a produção e as exportações de mangas.
O valor total desses projetos supera os US$ 500 milhões, segundo documentos fornecidos à imprensa. Todos esses investimentos são possíveis graças à lei Kerry-Lugar, votada no outono passado (hemisfério norte), que concede ao Paquistão uma assistência americana recorde de US$ 7,5 bilhões em cinco anos.
A secretária de Estado americana visita o Paquistão antes de sua partida a Cabul, onde na terça-feira participará da conferência de doadores do Afeganistão.
Hillary Clinton saudou também a assinatura no domingo em Islamabad de um acordo de trânsito comercial entre Paquistão e Afeganistão.
“Aproximar Islamabad e Cabul é um objetivo do governo (americano) desde o começo”, disse Richard Holbrooke, enviado especial dos Estados Unidos ao Afeganistão e ao Paquistão.
AFP, em Islamabad/g1