Duas das bancadas mais atuantes no Congresso Nacional, conhecidas por trabalharem como grupos suprapartidários de pressão, perderam cadeiras na nova legislatura que começou dia 01 de Fevereiro Entretanto, uma delas deve manter sua força, os ruralistas, pois “ganhou em qualidade”; a outra, os evangélicos, diminuiu e pode ter perdido o poder de “barganha”.
Essa avaliação é do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e foi feita a partir do mapeamento do perfil dos deputados e senadores, eleitos e reeleitos para o período 2007-2010. O estudo foi publicado na revista Radiografia do Novo Congresso, publicada em novembro do ano passado.
Os ruralistas eram 111 até dia (31.01). Perderam nove cadeiras e estão assim distribuídos: 86 deputados e 16 senadores, na avaliação do Diap. O grupo prioriza as pautas do setor empresarial rural. Segundo o Diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto Queiroz, a bancada diminuiu numericamente, mas isso não quer dizer que perdeu sua capacidade de pressão.
“Esse grupo perdeu em quantidade, mas ganhou em qualidade. Reelegeu todos os seus coordenadores, há o retorno de ex-parlamentares com forte influência na bancada, e soma-se a isso a chegada de lideranças que não exerciam cargos públicos”, destaca Queiroz.
Como exemplo desta categoria, ele cita o Deputado eleito Homero Pereira (PPS-MT), líder do “tratoraço” em maio de 2005 e do fechamento de rodovias no País um ano depois. “É uma bancada que vem reforçada e que deve dar muito trabalho ao governo”, prevê o diretor do Diap.
Já a bancada evangélica chega menor e mais fraca ao novo Congresso, diferentemente do que vinha acontecendo nas três últimas eleições. Foi a que mais perdeu cadeiras entre os grupos organizados que atuam no legislativo federal, como dos sindicalistas, da saúde, da educação, dos meios de comunicação e dos empresários – essa é a maior bancada, com 120 parlamentares (eram 102), mas reúne adeptos de outros segmentos.
De acordo com Queiroz, a série de escândalos envolvendo bispos e pastores foi o principal fator de “encolhimento” do grupo, que professa a fé segundo a doutrina evangélica. Eram cerca de 60 (o Diap não tem o número preciso) e ficaram reduzidos a 36 membros.
“Muitos desistiram da candidatura ou tiveram seus nomes vetados pelas igrejas. Outros tentaram a reeleição, mas foram barrados nas urnas. A maioria estava distribuída pelos três partidos fortemente afetados pelo mensalão, o PL, o PTB e o PP”, completa.