Um nigeriano de 84 anos, casado com 86 mulheres – com as quais tem mais de 170 filhos – aconselha outros a não seguir seu exemplo, afirmando que ele só consegue lidar com seu dia-a-dia com a ajuda de Deus. “Um homem com dez mulheres iria entrar em colapso e morrer, mas meus poderes são dados por Alá. É por isso que consigo controlar as 86 mulheres”, disse ele à BBC.
Mohammed Bello Abubakar, ex-professor e pregador muçulmano, afirma que suas mulheres o procuraram por conta de sua reputação de curandeiro.
“Eu não saio por aí procurando por elas, elas vêm a mim. Eu sigo o pedido de Deus, e me caso com elas.”
Mas as autoridades islâmicas na Nigéria não aceitam as alegações e vêem a grande família como um culto.
Número de mulheres
A maioria das autoridades islâmicas concorda que um homem pode ter até quatro mulheres, desde que demonstre ter condições de dar o mesmo tratamento a todas elas, mas Bello Abubakar afirma que o Alcorão não prevê nenhuma punição para quem tem um número maior de mulheres.
“Deus não disse qual deveria ser a punição para um homem com mais de quatro mulheres, mas ele foi específico sobre punições para fornicação e adultério”.
“Baba”, como ele é conhecido, é elogiado por suas mulheres e filhos. Muitas das mulheres acreditam que ele tem poder de cura e é o próximo na linha de sucessão do profeta Maomé.
A maioria de suas mulheres tem menos do que um quarto da idade dele – e muitas são mais novas que alguns dos filhos de Abubakar. Algumas delas disseram à BBC ter conhecido o marido quando foram procurar ajuda para doenças.
“Assim que o conheci, minha dor de cabeça passou”, disse Sharifat Bello Abubakar, que na época tinha 25 anos e o marido, 74.
“Deus me disse que era hora de ser sua mulher. Louvado seja Deus. Agora eu sou sua mulher”.
Ganiat Mohammed Bello, que está casada com Abubakar, há 20 anos, diz: “Sou a mulher mais feliz na face da Terra. Quando você se casa com um homem que tem 86 mulheres, você sabe que ele sabe como cuidar delas”.
Sem trabalho
Mas nem Abubakar, nem suas mulheres trabalham, e ninguém sabe como ele sustenta tamanha família, já que ele se recusa a dizer de onde tira dinheiro para arcar com a alimentação e vestuário de tanta gente.
Por dia, a família gasta cerca de US$ 850 apenas nas refeições. “Vem tudo de Deus”, diz ele.
Os moradores do vilarejo de Bida, onde eles moram, não sabem como a família se sustenta, e segundo uma de suas mulheres, Abubakar às vezes pede a seus filhos que saiam às ruas para mendigar, mas mesmo isso não seria suficiente.
A maioria de suas mulheres mora em uma casa mínima e não terminada em Bida; outras moram na casa dele em Lagos, a capital comercial da Nigéria.
Ele se recusa a permitir que sua família ou seus devotos tomem remédios e diz que não acredita que a malária exista.
“Se você sentar aqui e tiver qualquer doença, eu posso vê-la e removê-la”, disse ele.
Mas nem todos podem ser curados e uma de suas mulheres, Hafsat Bello Mohammed, conta que dois de seus filhos morreram.
“Eles estavam doentes e nós falamos com Deus. E Deus disse que a hora deles tinha chegado”.
Abubakar alega que o profeta Maomé fala com ele pessoalmente e descreve detalhadamente suas experiências. Esta é uma alegação séria para um muçulmano.
“Isto é heresia, ele é um herege”, afirma Ustaz Abubakar Siddique, imã na Mesquita Central de Abuja.
BBC/U.Seg