Governo nicaraguense não deu explicações sobre as circunstâncias que motivaram sua posição, mas divulgação ocorre após declaração do pontífice
O governo da Nicarágua cogita suspender suas relações diplomáticas com o Vaticano após o papa Francisco dar a entender que o presidente Daniel Ortega é ‘desequilibrado’. “Diante das informações divulgadas por fontes aparentemente ligadas à Igreja Católica, o Governo de Reconciliação e Unidade Nacional de nossa Nicarágua afirma que foi considerada a suspensão das relações diplomáticas entre o Estado do Vaticano e a República da Nicarágua”, afirmou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores. No breve comunicado, o governo da Nicarágua não deu explicações sobre as circunstâncias que motivaram sua posição, mas sua divulgação ocorre depois que o papa Francisco declarou que o presidente Daniel Ortega tem um “desequilíbrio”, em entrevista ao portal argentino Infobae. O governo da Nicarágua não deu explicações sobre as circunstâncias que motivaram sua posição, mas sua divulgação ocorre depois que o papa Francisco declarou que o presidente Daniel Ortega tem um “desequilíbrio”, em entrevista ao portal argentino Infobae.
Na sexta-feira, 10, o pontífice classificou o governo do país da América Central como uma ditadura grosseira. “É algo que está fora da realidade que estamos vivendo, é como se estivesse trazendo de volta a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura hitlerista de 1935 (…) É um tipo de ditadura grosseira”, criticou o papa. “Com muito respeito, não tenho escolha senão pensar num desequilíbrio de quem governa”, disse Francisco, referindo-se a Ortega, no poder desde 2007 e sucessivamente reeleito em eleições questionadas pela oposição. Durante a entrevista, o papa argentino fez referência ao bispo católico Rolando Álvarez, condenado em fevereiro a 26 anos de prisão por, entre outras acusações, atentar contra a integridade nacional. “Ali temos um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio”, disse Francisco. O bispo de Matagalpa, de 56 anos, estava detido desde agosto por conspiração e se recusou a ser deportado para os Estados Unidos com outros 222 opositores libertados e expulsos do país, considerados “traidores do país” pelo governo de Ortega. A Nicarágua enfrenta uma onda de condenações da comunidade internacional pela deriva autoritária de Ortega, que governa com sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo. Centenas de opositores foram detidos no país no contexto da repressão que se seguiu aos massivos protestos antigovernamentais de 2018.