Como negra, mãe e educadora – não sei bem ao certo se esta é a ordem correta de me posicionar – mas comecei uma indagação interna, há tempos, sobre o que pensam do passado dos negros ou, melhor dizendo, do que nos foi ensinado e a maneira que isto ocorreu. De como os negros foram forçados a virem para o Brasil e a maneira de como habitualmente contam essa história, que infelizmente nos desfavorece. Esquecendo o povo guerreiro e lutador que sempre foram e o são, que nos ensinaram e ensinam na construção de um país melhor.
Então apaguemos esse passado – diga-se de passagem, que passado horrível – fatos ocorridos tão tristes e deploráveis que muito nos envergonham, uma vez que em nossos seios familiares estão disseminados os genes africanos. E reconceituemos nossa história com fatos dignos e belos a altura de um povo bravo, conquistador e principalmente batalhador.
Esqueçamos e sigamos em frente relembrando fatos históricos marcantes, relevantes e enobrecedores. Recomeçando a história com a lembrança do nosso glorioso Machado de Assis – considerado um dos mais importantes nomes da literatura do país – inclusive neste ano comemora-se seu centenário. Na seqüência temos inúmeros outros nomes marcantes, e significativos quanto ele, como Castro Alves, O rei Pelé, Grande Otelo, Joaquim Benedito Barbosa – Primeiro ministro negro do STF – outro ministro, também, Gilberto Gil. Artistas consagrados como Zezé Motta, Lázaro Ramos, Isabel Fillardis, Thaís Araújo. Lembrando também que dentro e fora do nosso país os negros têm histórias de sucesso, como os extraordinários e inesquecíveis Nelson Mandela, Louis Armstrong e Martin Luther King. Ufa! Passaríamos aqui dias e dias, páginas e mais páginas, escrevendo nomes e mais nomes, ainda bem, por hora chega.
Mas como estamos falando de negro lutador e vencedor jamais poderíamos deixar de lembrar Zumbi dos Palmares, uma vez que dia 20 de novembro comemoramos o dia da consciência negra. Sendo que este negro criou um verdadeiro império auto-sustentável, e grande parte da população brasileira conhece somente e tão somente por quilombo, que era formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Numa época de escravidão acirrada o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Lá, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
Devemos realmente tomar isso como exemplo, embora ilhados pelos pré-conceitos, lutemos por uma sociedade mais igualitária. Percebe-se que isto está mudando a passos lentos, visto que neste país somos a maioria, mas tratados como minoria.
Temos uma só cor – ao nascer, ao crescer e ao morrer. Tomando sol ou no frio não “envermelhamos” ou “enrroxeamos”. Adoecendo ou com medo, jamais “amarelamos” ou “esverdeamos”. Diferentemente de outros povos.
E ainda tem a cara de pau de me chamar de homem de cor? Sou negro e Vencedor !!!
Giselda Correa Dorileo
Professora da Escola Estadual Maria Macedo Rodrigues – Varzea Grande
giselda.dorileo@hotmail.com