A compra está sendo feita por meio da SAS, uma subsidiária da MSC
A gigante de navegação e terminais de contêineres, Mediterranean Shipping Company – Mediterrânea Empresa de Transporte (MSC), a com sede em Genebra, acaba de fechar a compra da Wilson Sons – (Maior operador integrado de logística portuária e marítima do Brasil) – e coloca fim a um processo que se iniciou há 18 meses e atraiu diversos interessados. A compra está sendo feita por meio da SAS, uma subsidiária da MSC.
A companhia vai pagar R$ 17,50 por ação pelos 56% que pertenciam à Ocean Wilson, uma companhia listada na Bolsa de Londres com negócios em diferentes setores.
A transação avalia a empresa a um enterprise value – valor empresarial – de R$ 9,9 bilhões e a um equity value – valor patrimonial – de R$ 7,8 bilhões. O múltiplo é de 8,7x EBITDA, que significa Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização — um meio do caminho entre o múltiplo médio das empresas de terminais (cerca de 10x) e das rebocadoras (cerca de 7,5x).
Como parte da operação, a companhia pagará um dividendo de US$ 22 milhões por trimestre até o closing – fechamento — e o montante não será descontado do valor acordado.
Como a Wilson Sons faz parte do Novo Mercado, a MSC terá que fazer uma OPA de tag along (Oferta Pública de Aquisição de ir junto) estendendo a oferta no mesmo preço e condições a todos os demais acionistas da companhia. A operação pode levar à saída da companhia da Bolsa.
A ação da Wilson Sons fechou na sexta-feira em R$ 17,85, com o preço da compra implicando um desconto de 2% em relação ao preço de tela. O papel já havia subido nas últimas semanas por conta das especulações sobre a venda da empresa.
Nesta semana, por exemplo, o fundo I Squared, que vinha negociando a compra da Wilson Sons há alguns meses, disse que faria uma oferta pública pela companhia, o que fez a ação sair dos R$ 16 para os R$ 17,85.
Antes das especulações sobre a venda começarem, em julho do ano passado, o papel negociava ao redor de R$ 10,50.
Para a MSC, a compra da Wilson Sons vai expandir sua operação no Brasil, onde ela já é dona de 50% do BTP, um terminal no porto de Santos em sociedade com a Maersk, além de um terminal em Navegantes, Santa Catarina.
A MSC tem participações em 47 terminais em 27 países, além de ser dona de 850 navios de carga e de 5 aeronaves. O Grupo MSC é dono ainda de uma das maiores operações de cruzeiros do mundo.
Segundo uma fonte envolvida na transação, a MSC havia olhado a Wilson Sons no ano passado, assim que ela foi colocada à venda, mas acabou desistindo do ativo para focar seus esforços na compra da Santos Brasil.
Quando a Santos Brasil acabou sendo vendida para a CMA CGM no mês passado, a MSC voltou a negociar a compra da Wilson Sons — atropelando outro interessado, o fundo I Squared, que vinha negociando o ativo há meses.
Nessa segunda abordagem, o processo foi rápido: a MSC assinou o contrato 10 dias depois de iniciar as conversas — e numa transação de porteira fechada, algo extremamente raro no Brasil.
Nesse tipo de transação, o comprador abre mão de qualquer ajuste no preço mesmo que descubra algum passivo inesperado no futuro. A MSC topou fechar a compra dessa forma porque a Wilson Sons é um ativo muito redondo, que entrega bons resultados há anos.
Com uma receita líquida de cerca de R$ 2,5 bilhões e um EBITDA de R$ 1,1 bilhão nos últimos doze meses, a Wilson Sons opera em quatro verticais principais.
A maior delas é a de rebocadores, na qual ela opera pequenos barcos que são usados para ajudar na atracação de grandes embarcações nos portos, garantindo que não ocorra nenhum acidente. Essa vertical responde por 44% do EBITDA hoje.
A segunda maior é a de terminais de contêineres, que responde por 34% do EBITDA. A Wilson Sons é dona de dois terminais, um no Rio Grande do Sul e outro em Salvador.
A companhia também tem 50% da WSut, uma empresa que faz o serviço de offshore para companhias de óleo e gás, operando barcos que levam mantimentos e equipamentos para as plataformas de petróleo. Essa frente responde por 15% do EBITDA.
O restante do resultado vem de vários negócios menores, incluindo um estaleiro, onde é feita a reforma e fabricação dos rebocadores e das embarcações offshore; uma agência marítima; e um negócio pequeno de logística em Santo André.
Além da Ocean Wilson, outros grandes acionistas da Wilson Sons são a Tarpon, com 12,1% do capital, e a Radar, com 9,6%. A Wilson Sons foi assessorada pelo BTG Pactual, e teve a assessoria jurídica do Pinheiro Guimarães Advogados e do Slaughter and May.
A MSC não teve assessor financeiro. O assessor jurídico no Brasil foi o Mello Torres Advogados e o Skadden em Londres.
Fonte: Brazil Journal – por Pedro Arbex