"É uma questão de moda e mais um pretexto usado pelos jovens para ir às compras", disse à agência Lusa Raymond Zhou, comentador do China Daily.
A imagem do "Velhote do Natal" ("Shang Dan Lao Ren"), como o Pai Natal é literalmente chamado na China, ornamenta até os salões de massagens e de manicura e em alguns deles, as empregadas usam um gorro vermelho.
Jesus ("Ye Su"), pelo contrário, parece uma figura desconhecida.
Segundo Raymond Zhou, "para os que não são cristãos, Cristo é apenas um nome".
"Muitas pessoas já ouviram falar de Cristo, mas não conhecem a História", acrescenta o comentador.
Exceto nas Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e Macau, o 25 de dezembro é um dia normal de trabalho no país mais populoso do mundo.
A grande festa que reúne as famílias chinesas – na China e em todas as 'chinatown' do planeta – é a passagem do ano novo lunar, que em 2015 ocorrerá no dia 19 de fevereiro, sob o signo da Cabra.
Oficialmente, o número de cristãos na China continental rondará os 23 milhões, a maioria dos quais protestantes, o que não chega a 2% da população. Fontes ocidentais estimam que haja "dezenas de milhões" de outros cristãos ligadas às chamadas "igrejas clandestinas".
O cristianismo, na China, estará mesmo numa fase de grande expansão, preenchendo "o vazio moral" e o "excessivo materialismo" provocados pela alegada crise da ideologia comunista e o trepidante desenvolvimento das últimas três décadas de "Reforma Económica e Abertura ao Exterior".
"O Natal, aqui, não tem nada de religioso. Para as novas gerações, assinalar o Natal ou quaisquer outras celebrações ocidentais significa, sobretudo, fazer parte do mundo", diz também Raymond Zhou.
Os chineses mais "modernos" até trocam prendas: "O Natal é como um outro 'Dia dos Namorados'", escreveu um internauta.
O Natal é também um negócio, sobretudo em Yiwu, um município da província de Zhejiang, leste da China, onde são fabricados 60% das árvores de natal, sinos e outras decorações natalícias vendidas no mundo inteiro.
Yiwu já tem mesmo uma Associação de Fabricantes de Produtos de Natal e, segundo o seu secretário-geral, Chen Jinlin, o setor cresce em ritmo acelerado.
"Este ano, a concorrência é renhida. Em 2010, havia cerca de 400 empresas que faziam produtos de Natal. O número subiu para 500 em 2011 e hoje há cerca de 750", disse Chen Jinlin numa recente entrevista à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.
E, a avaliar pelo que se vê em Pequim, nem toda a produção de Yiwu se destina à exportação.
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