quinta-feira, 21/11/2024
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Narcosubmarinos: a nova arma do tráfico de drogas para os EUA

Manhã de março de 1993, litoral da Costa Rica. Um marinheiro de plantão na cabine de comando de um navio da Guarda Costeira norte-americana pensou que interpretava mal os sinais que lia no radar. Não era uma baleia nem um barco, nem sequer um iate de passeio. Apenas uma mancha que sumia e reaparecia no monitor.
O marinheiro não sabia, mas aquilo que via na tela, com o passar dos anos, se transformaria na maior dor de cabeça das autoridades antidrogas dos Estados Unidos. Era um narcosubmarino, a nova forma de transporte de drogas que os barões do tráfico na Colômbia haviam inventado.
“Quando me disseram o que tinham achado, pensei que era o maior disparate que tinha ouvido na vida”, recordaria anos depois o ex-general do Exército Barry McCaffrey, principal autoridade da política antidrogas do governo Clinton.
Desde 1990, as agencias de inteligência norte-americanas começaram a receber indícios de que os narcotraficantes procuravam pessoas com conhecimentos suficientes para construir pequenos submarinos, mas não tinham detectado nenhum. Naquela ocasião, em 1993, foi possível apenas ver. A tripulação da Guarda Costeira foi apanhada de surpresa, não estava treinada para o que podia enfrentar e o minúsculo submersível desapareceu de vista.
Foram necessários 13 anos, até que em 2006 as autoridades dos EUA conseguiram capturar um narcosubmarino. Era tão grande, em relação àquilo que imaginavam, que o batizaram de “Big Foot” (Pé Grande). No seu interior, a Guarda Costeira encontrou 8 toneladas de cocaína e dois engenheiros russos. “Certamente foram eles que o construíram. Deviam estar desempregados e foram recrutados pelos colombianos”, cogita McCaffrey.
Nesta semana, a Guarda Costeira anunciou que no fim de março capturou na parte ocidental do Mar do Caribe, na costa de Honduras, o trigésimo narcosubmarino desde 2006. Prenderam seus quatro tripulantes, que agora estão presos em Miami, e o afundaram.
O governo norte-americano divulgou uma foto da operação – onde se vê a proa do submarino com dentes de tubarão pintado – e um vídeo inédito da captura e afundamento de outro submersível, em setembro do ano passado.
Jogo de gato e rato
Segundo a Guarda Costeira, os narcosubmarinos são muito difíceis de detectar, já que o casco é feito de fibra de vidro e eles navegam parcialmente submergidos, o que os torna invisíveis para o radar. Caso sejam construídos com motores elétricos, se tornam totalmente inaudíveis para os sonares. Geralmente medem 30 metros de comprimento e seu interior é tão estreito que cabem apenas 15 toneladas de cocaína e três ou quatro tripulantes. Não há sequer uma ventoinha para arejar e o ar entra por um tubo construído ao lado do periscópio, que serve para orientar a navegação, que é feita por GPS. As necessidades fisiológicas dos tripulantes são feitas em garrafas de plásticos ou em baldes.
É por isso que as autoridades admitem abertamente que estão praticamente contra a parede, e que a luta contra o narcotráfico no Caribe e no Oceano Pacifico, é um jogo “de gato e rato”.
“Nestes anos todos já adquirimos alguma experiência. Conseguimos identificar a maioria das rotas que eles seguem, mais ou menos as zonas de onde se lançam ao mar e onde atracam. Mas, de qualquer modo, sua captura continua sendo uma questão de sorte”, disse ao Opera Mundi, um oficial da Guarda Costeira.
Segundo números não oficiais, as tripulações da Guarda Costeira encontram um terço dos submarinos que os narcotraficantes lançam ao mar todos os anos. Nestes últimos seis anos, detiveram 26 no Oceano Pacífico e quatro no Mar Caribe.
A construção de cada um demora aproximadamente um ano e custa entre 1 e 2 milhões de dólares, um preço perfeitamente aceitável para os narcotraficantes, porque transportam cerca de 15 toneladas de cocaína, com um valor comercial de 180 milhões de dólares. É por isso que são usados uma só vez. Uma vez que chegam ao destino, quase sempre nas costas mexicanas, os tripulantes descarregam a mercadoria e afundam o submarino, regressando à Colômbia por terra.
Nestes últimos anos, as autoridades militares da Colômbia e do Equador encontraram e destruíram cerca de 10 estaleiros improvisados na selva de seus países, quase sempre em áreas perto da costa, mas difíceis de detectar pelo ar.
O combate aos submarinos é feito de um centro de comando em Key West, na Florida, o ponto mais ao sul do território norte-americano. Na operação, participam oficiais de todos os países da bacia do Caribe, junto à Espanha e o Reino Unido.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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