O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, que a situação do Brasil de credor vai permanecer, após o Banco Central (BC) estimar que o País tenha passado a credor externo líquido em janeiro, quando os ativos do País (reservas internacionais) no exterior devem ter superado os passivos (dívida externa) em cerca de US$ 4 bilhões. O ministro disse ainda que vão continuar aumentando as reservas, mas que o governo não fará “loucuras”.
“Mudamos de clube. Não somos mais da equipe dos devedores. Agora somos credores”, afirmou.
Para o ministro, o fato de o Brasil ter a chance de se tornar credor demonstra a grande mudança no País nos últimos anos. Mantega diz acreditar que num momento de crise mundial isso é muito importante, já que falta crédito no mundo hoje e, mesmo assim, o País está em uma situação confortável.
“O Brasil sempre deveu dinheiro desde o ano de 1500. Essa é uma longa história de dívida. Na década de 70, quando os Estados Unidos elevaram os juros, o Brasil quase quebrou para pagar a dívida externa. Hoje o País é protagonista do mercado internacional”, afirmou.
Ainda segundo o ministro, o Brasil atualmente se aproxima do investment grade (grau de investimento) nas contas externas. Para ele, falta somente atingir o mesmo objetivo nas contas internas.
“Não é conveniente pagar tudo agora, pois é bom ter crédito no mercado. O País tem títulos a vencer somente em 2025”, afirmou Mantega.
O ministro espera diminuir a taxa básica de juros dentro de dois ou três anos e acrescentou que a expectativa é que ela gire em torno de 7%.
Para o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, a melhora dos indicadores de sustentabilidade externa do País é um marco expressivo na história. “Isso significa que estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises, causadas principalmente pela dificuldade em honrar o passivo externo do País”, disse.
Meirelles afirmou que este feito é resultado direto da implementação, nos últimos anos, de políticas macroeconômicas responsáveis e consistentes, baseadas no tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas para a inflação. Para o presidente do BC, esse tripé tem assegurado uma melhora gradativa dos nossos fundamentos fiscais e externos, o que aumenta a resistência da economia a choques adversos.
Reforma tributária
O ministro Guido Mantega, nesta quinta-feira, também fez comentários sobre a a proposta de reforma tributária que será enviada ao Congresso Nacional na semana que vem. “Provavelmente, não haverá reduções das contribuições previdênciárias e que deve ser retirado do custo da folha salarial cerca de 2%”, completou.
Invertia/US