Em contraposição ao estresse e à correria da vida moderna, surgem pelo mundo afora movimentos que pregam a desaceleração da rotina. Depois de uma crise de hipertensão que o levou para o hospital em 2005, o designer de moda Marcelo Bohrer, de 32 anos, resolveu repensar seu dia-a-dia. “Fizeram exames e não acharam nada, a crise aconteceu porque a pressão que enfrentava no trabalho refletiu literalmente no meu corpo”, conta.
Para reunir pessoas como ele e ajudá-las a relaxar em meio ao caos, Bohrer fundou o “Clube do Nadismo”, em Porto Alegre (RS), que reúne gente interessada em não fazer nada, pelo menos por alguns minutos. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 90% das pessoas do mundo sofrem de estresse. Percebi que as pessoas querem um momento para parar, mas não conseguem, se acham perdendo tempo”, conta.
No clube, com quase mil sócios espalhados em boa parte do País, o associado recebe a programação de encontros organizados em parques, nos quais são convidados a sentar e não fazer nada.
O movimento é um derivado de outra corrente mais antiga, que começou com a organização “Slow Food”, na Itália, na década de 80, que surgiu em contraposição ao fast food, em que as pessoas se alimentam de forma rápida, muitas vezes sentadas na mesa de trabalho. “O princípio da organização é promover o alimento bom, limpo e justo. O ‘Slow Food’ defende a retomada do convívio durante as refeições, que tem se perdido, pois hoje se come rápido e em qualquer canto. Prega, ainda, a valorização do alimento como uma questão cultural”, diz Roberta Sá, que coordena projetos do movimento no Brasil. Por aqui, são 350 associados. No mundo, os associados passam dos 100 mil.
Outra linha semelhante que surgiu na onda “slow”, que significa “devagar”, é o “Slow Travel”, que propõe que viagens de turismo sejam feitas de forma calma, sem aqueles roteiros apertados, com a correria de querer aproveitar tudo e, no final, voltar das férias com imagem de todos os cartões postais do lugar, porém, cansado e sem ter conhecido a cultura local.
O grupo fundamenta-se em alguns princípios como passar pelo menos uma semana no lugar que deseja conhecer, não se obrigar a visitar todos os pontos turísticos, andar a pé, conhecendo as ruas e os arredores de onde se está hospedado e, se possível, alugar uma casa ou apartamento, em vez de ficar em hotéis.
F.Uni