Uma onda de notícias falsas e especulações tomou a grande mídia.
Instantes depois que o Ministério da Defesa anunciou, a substituição dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, uma onda de notícias falsas e especulações tomou a grande mídia.
Em um exemplo de fake news digna de estar num certo Inquérito do STF, um grande veículo de imprensa afirmou que a demissão dos comandantes era um “ato de protesto contra o Presidente” e que a “a maior crise militar desde 1977” se instalou nas Forças Armadas. Afirmava, ainda, que os comandantes demissionários teriam dito que “os militares não participariam de uma aventura golpista”. Tudo fake news, As trocas dos comandantes tem explicações bem mais simples, menos espetaculosas, mas que não rendem tantas manchetes “caça-cliques”.
Fontes do meio militar ouvidas pela nossa equipe revelaram que quando um general “mais moderno”, ou seja, que foi promovido ao generalato mais recentemente, é nomeado para ocupar o mais alto posto do meio militar, é comum que seus comandados mais antigos deixem os postos que ocupam no momento da troca, podendo até ir para a reserva. Isso ocorre para evitar a situação de ter um general mais novo comandando diretamente outro mais experiente.
Com a troca do Ministro da Defesa, saiu Fernando azevedo e entrou Braga Netto, era esperado que os generais mais antigos que ocupavam o comandos das Forças deixassem seus cargos à disposição do novo ministro e do presidente da república. A situação foi antecipada na noite de ontem por alguns sites.
“Todo militar de patente mais alta sabe que, em um determinado momento, só tem dois tiros pra dar: ou ele sobe (é nomeado) ou é pijama (vai para a reserva, ou aposentadoria). Todos os três generais que deixaram o comando das Forças já tem idade e tempo de serviço para irem para a reserva”, pontuou um militar da reserva ligado à Marinha do Brasil.
Outro militar da reserva ligado ao Exército brasileiro disse que seria muito difícil acreditar que um General comandante de Força realizasse qualquer tipo de “protesto” contra o seu chefe supremo, o Presidente da República, ou se “exaltasse” com o seu superior, no caso, Ministro da Defesa. “Os membros das Forças Armadas prezam por dois princípios: a hierarquia e a disciplina. Qualquer ato de protesto ou fala desabonadora poderia ser punido na hora, inclusive com voz de prisão”, esclareceu.
Livre nomeação
Outro aspecto é que tanto o Artigo 84 da Constituição Federal quanto o Artigo 4o da Lei Complementar 97/1999 estabelecem que os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são nomeados pelo Presidente da República. Não há restrição, a troca pode ser feita a qualquer tempo, a critério do presidente. Como o presidente Jair Bolsonaro trocou o comando do Ministério, nada mais natural que o novo chefe escolha novos comandantes das Forças que estejam mais alinhados à atual gestão.
“Eu vejo isso (troca de comando) acontecer há anos. Tudo dentro do normal. E a vida segue”, disse outro militar.