sábado, 23/11/2024
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Não é dia de flor, é dia de luta: mulheres prometem greve ao redor do mundo

O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8), promete ser marcado por uma greve de mulheres em pelo menos 30 pa&iacuteses. A ideia &eacute fazer uma paralisa&ccedil&atildeo geral, para refor&ccedilar a import&acircncia do papel das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade.

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A ideia do protesto veio do movimento de mulheres argentinas Ni Una Menos. Em 19 de outubro do ano passado, com elas nas ruas, uma greve de mulheres serviu de protesto contra os 200 assassinatos anuais no pa&iacutes em decorr&ecircncia de viol&ecircncia de g&ecircnero.

No Brasil, movimentos feministas programaram protestos para esta quarta em todos os estados, mas a greve prevista para outros pa&iacuteses deve ser mais dif&iacutecil de se concretizar por aqui, devido &agraves dif&iacuteceis condi&ccedil&otildees de trabalho enfrentadas pelas brasileiras.

Uma coisa &eacute organizar uma greve em um pa&iacutes que tem quase pleno emprego, outra coisa s&atildeo as mulheres aqui no Brasil, completamente precarizadas &ndash a maior parte empregada no servi&ccedilo dom&eacutestico, aut&ocircnomas, completamente sem prote&ccedil&atildeo &ndash dizerem que v&atildeo parar, admite Maria Fernanda Marcelino, integrante da Sempreviva Organiza&ccedil&atildeo Feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres.

Para as que n&atildeo puderem parar suas atividades, as organiza&ccedil&otildees feministas incentivam o protesto de outras maneiras &ndash usando uma roupa roxa ou fazendo manifesta&ccedil&otildees no pr&oacuteprio local de trabalho.

O importante &eacute identificar que estamos em luta, independentemente de podermos parar ou fazer greve. Sabemos que nem todo mundo pode parar, ainda mais diante de um cen&aacuterio de desemprego no Brasil, diz Fernanda Sab&oacuteia, da Articula&ccedil&atildeo de Mulheres Brasileiras.

A ideia &eacute que as interven&ccedil&otildees sejam postadas em redes sociais, com as hashtags 8MBR, EuParo e ParadaBrasileiraDeMulheres.

Para a assessora t&eacutecnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Joluzia Batista, as manifesta&ccedil&otildees mais simb&oacutelicas tamb&eacutem devem ser valorizadas. &Eacute uma forma de as mulheres que est&atildeo mais impossibilitadas, com hor&aacuterios mais r&iacutegidos, poderem se manifestar tamb&eacutem.

Reforma da Previd&ecircncia

No Brasil, a principal pauta das manifesta&ccedil&otildees &eacute a proposta de reforma da Previd&ecircncia apresentada pelo governo federal. A avalia&ccedil&atildeo &eacute de que as mulheres ser&atildeo as mais prejudicadas com a mudan&ccedila.

Se essa reforma da Previd&ecircncia passar, as mais atingidas, que padecer&atildeo com o empobrecimento rapidamente ser&atildeo as mulheres, pela equipara&ccedil&atildeo do tempo de aposentadoria com os homens, desconsiderando a dupla jornada de trabalho, toda a precariedade que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho formal, diz Maria Fernanda.

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As mulheres tamb&eacutem querem chamar a aten&ccedil&atildeo para temas como racismo, aborto e viol&ecircncia contra as mulheres. Apesar dos temas em comum que ser&atildeo abordados em todo o Pa&iacutes, cada estado se organizou de acordo com as suas prioridades. Acreditamos na for&ccedila do movimento feminista de construir as pautas em cada estado, em cada cidade, as mulheres tem organiza&ccedil&atildeo pr&oacutepria e sabem muito bem o que est&aacute afetando as suas vidas, explica Fernanda Sab&oacuteia.

O 8 de mar&ccedilo n&atildeo &eacute dia de flor, &eacute um dia de luta, ressalta Maria Fernanda. Ainda continuamos trabalhando muito mais que os homens e sendo completamente desvalorizadas, sofrendo viol&ecircncia, e tantas quest&otildees que precisamos inverter.

Al&eacutem de chamar a aten&ccedil&atildeo para a import&acircncia da mulher no mercado de trabalho, o movimento quer conscientizar a sociedade para todos os problemas enfrentados pelas mulheres.

As mulheres est&atildeo sobrecarregadas, seja do trabalho remunerado, como o n&atildeo remunerado, porque n&oacutes somos donas de casa, m&atildees, trabalhamos fora. Somos 52% da popula&ccedil&atildeo brasileira, ent&atildeo a nossa situa&ccedil&atildeo ainda &eacute &agrave margem da sociedade, v&iacutetimas de tanta viol&ecircncia, diz Fernanda Sab&oacuteia.

Exemplo na Isl&acircndia

A historiadora Tania Navarro Swain compara a mobiliza&ccedil&atildeo desta quarta-feira com um fato ocorrido em 1975 na Isl&acircndia, quando mais de 90% das mulheres paralisaram suas atividades para exigir o reconhecimento de seu trabalho.

E deu resultado, com a equipara&ccedil&atildeo dos sal&aacuterios logo em seguida e a presid&ecircncia do pa&iacutes assumida por uma mulher nas elei&ccedil&otildees posteriores. N&atildeo se pode esperar que, em todos os pa&iacuteses, a mobiliza&ccedil&atildeo seja t&atildeo poderosa, mas espero que seja espetacular, trazendo milh&otildees de mulheres &agraves ruas para mostrar e exigir uma cidadania que at&eacute agora tem sido esgar&ccedilada em uma pluralidade de aspectos, diz a professora aposentada da Universidade de Bras&iacutelia (UnB) e editora da revista digital de estudos feministas Labrys.

O movimento de greve de mulheres no Brasil vai se unir a grupos internacionais como Ni Una Menos, da Argentina, a Marcha das Mulheres de Washington, nos Estados Unidos e as Marchas contra a criminaliza&ccedil&atildeo do aborto, na Pol&ocircnia.

Com informa&ccedil&otildees da Ag&ecircncia Brasil.

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Parmenas Alt
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