Viver sexualmente na clandestinidade, ter um carro que chama a atenção e sair sempre com assaltantes travestidos de garotos de programa. Esses ingredientes “explosivos” levaram quatro pessoas à morte na Grande Cuiabá em pouco mais de dois anos e meio. As vítimas, todos homossexuais não declarados, foram assassinados por vários rapazes que tinha um único intuito: roubar o automóvel da vítima. Seriam seis assassinatos, caso duas vítimas não fingissem de morta.
Os crimes são praticados por esses falsos garotos de programas, que se aproximam da vítima para roubar o veículo. Durante meses, finge gostar da pessoa, mas arruma um ou mais cúmplices para matar e roubar.
A divulgação desses crimes, praticados de forma cruel, não impediu o aparecimento de novas vítimas. As penas altas aplicadas aos criminosos também não surtiram efeito. São casos que mais parecem uma repetição, mudando apenas o local, as vítimas e os autores. “A clandestinidade, (nesses quatro casos) ajudou a prática do crime”, lembrou a delegada Vera Rotilde, da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERRFVA), que investigou cinco dos seis casos.
Com tantos casos investigados, ela traçou um perfil dos criminosos – são jovens entre 16 e 20 anos, se relacionam entre cinco e seis meses com a vítima. Começam a pegar dinheiro aos poucos, até matar para roubar o carrro. “São pessoas que terminam morrendo por tão pouco”, lamenta a delegada.
Vera Rotilde acrescentou que é um tipo de crime que ocupa muito tempo dos policiais. São necessários muitos policiais em ações rápidas atacando em todos os flancos – são crimes em que são deixadas dezenas de pistas. O resultado é a prisão de todos os criminosos em tempo recorde.
O representante da ong Livre Mente, Clóvis Arantes, explicou que o fato do homossexual ser declarado não é garantia de ficar livre desses criminosos. “No início, surge o desejo de ficar só no bom e no melhor. Com o passar do tempo, começa a pedir mais e mais”.
Um homossexual declarado e famoso da Grande Cuiabá ressaltou que os falsos garotos de programa aproveitam o fato das pessoas não declaradas quererem algo discreto. “Não deixa de ser uma forma de disfarçar o homossexualismo dele (do bandido) junto à família. Na verdade, trata-se de dois não declarados”.
O declarado e famoso lembrou que ao sair com uma pessoa conhecida, o bandido é taxado também de homossexual. “O rapaz não vai querer isso. Então, partem atrás dos não declarados”.
Nos quatro assassinatos, o crime, no entanto, não compensou: em todos, os criminosos foram presos e condenados a penas altíssimas – de 20 a 25 anos, sendo obrigado a cumprir, no mínimo, 14 anos preso.