Nagasaki lembrou nesta quinta-feira, 9, o lançamento de uma bomba atômica sobre a cidade, 62 anos depois do ataque que causou milhares de mortes. Foram realizados atos em memória das vítimas e pedidos de um mundo livre de armas nucleares.
O primeiro ato foi celebrado no Parque da Paz. O prefeito Tomihisa Taue leu um manifesto pela paz. Depois, às 11h02 (23h02 de quarta-feira, em Brasília), hora da explosão da bomba sobre o céu da cidade, 4.600 pessoas fizeram um minuto de silêncio, informou a agência japonesa Kyodo.
O bombardeio de Nagasaki aconteceu em 9 de agosto de 1945, três dias depois de os Estados Unidos lançarem a primeira bomba atômica sobre Hiroshima. O ataque acelerou o fim da Segunda Guerra Mundial, forçando a rendição do Exército Imperial japonês, seis dias mais tarde.
Ao fim de 1945, 74 mil pessoas em Nagasaki e 140 mil em Hiroshima tinham morrido em conseqüência das bombas atômicas. Com a passagem dos anos, o número de mortos devido aos efeitos secundários do ataque chegou a 396.132.
Um dos atos do dia foi a introdução dos nomes de 3.069 pessoas nos livros de registro das vítimas da bomba atômica de Nagasaki por parte dos parentes.
“Meus sentimentos não mudaram, embora tenham passado 62 anos. É muito doloroso”, disse Eki Obayashi, uma mulher que perdeu sete parentes por causa do bombardeio.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, se reuniu com um grupo de sobreviventes do bombardeio. Foi o primeiro encontro das vítimas com um chefe de governo desde 2002, quando se reuniram com Junichiro Koizumi.
As cerimônias em lembrança do devastador ataque foram este ano especialmente sentidas pelos cidadãos de Nagasaki e Hiroshima. As polêmicas declarações do ex-ministro da Defesa, Fumio Kyuma, marcaram os eventos. Em junho, ele qualificou de “inevitáveis” os Bombardeios.
Os comentários forçaram a renúncia de Kyuma, geraram grande mal-estar entre os japoneses, e deixaram Abe em situação muito incômoda. O chefe de Governo teve que pedir perdão publicamente pelas palavras do ex-ministro.
Kyuma, que sempre comparecia aos atos de lembrança do lançamento da bomba sobre Nagasaki, província que representa como deputado no Parlamento japonês, decidiu não ir às cerimônias este ano.