Dizem que por trás de todo grande homem, existe uma grande mulher. Essa frase se aplica as mais variadas atividades do ser humano. No campo da política, elas são, muitas vezes, porto seguro ou braços direitos de seus companheiros ou chefes. No entanto, a história nem sempre é um mar de rosas e, ao longo dos anos, muitas dessas mulheres, se rebelaram e tiveram participação expressiva (ou foram protagonistas) nos escândalos políticos.
Na semana passada, por exemplo, a empresária Ana Cristina Aquino, dona da AG Log e da AGX Log e Transportadora, disse, em entrevista a revista Istoé, que pagou R$ 200 mil ao ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT) em 2011 para acelerar a criação do Sindicato dos Cegonheiros em Pernambuco (Sincepe).
Segundo ela, o advogado João Graça, assessor especial do atual comandante da pasta, Manoel Dias (PDT), era a ponte entre a máfia dos sindicatos e o ministério desde a administração de Lupi. Graça foi sócio dela por dois anos e deixou a empresa após a investigação da Polícia Federal ser iniciada em 2011.
Após o pagamento da proprina, Lupi teria avisado que o sindicato seria criado em 40 dias, o que não aconteceu. Ao jornal O Estato de S.Paulo, Lupi afirmou desconhecer os motivos que levaram a empresária a denunciá-lo. À revista, o advogado Graça Aranha afirmou que as acusações “fazem parte de uma briga de mercado”.
Veja algumas das mulheres protagonistas de escândalos políticos:
No ano passado, Vanessa Caroline Alcantara, 27 anos, ex-amante do auditor fiscal da prefeitura de São Paulo, Luis Alexandre Magalhães, deu o que falar nos noticiários. Insatisfeita com a pensão alimentícia de R$ 700 que Magalhães pagava a filha (ela queria R$ 3.000), Vanessa denunciou, em setembro, o esquema de cobrança de propina, do qual o ex-amante fazia parte, para reduzir o valor o Imposto sobre Serviços (ISS) de grandes incorporadoras.
Outra que deu o que falar foi a ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva Rosemary Noronha. Ela também ganhou notoriedade no ano passado, após seracusada de usar sua proximidade com Lula para conceder favores a políticos e empresários em troca de presentes. Na ocasião, também levantou-se a hipótese de que os dois pudessem ter um relacionamento íntimo, o que não ficou comprovado. Rose responde por falsidade ideológica, tráfico de influências, corrupção passiva e formação de quadrilha.
Há mulheres que, embora não tenham participação direta nos escândalos, acabam atraindo os holofotes da imprensa. Um exemplo é a advogada e ex-assessora do senado Ciro Nogueira (PP), Denise Leitão Rocha, que ficou conhecida como o Furacão da CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira, em 2012. Denise foi demitida após a divugação de um vídeo na internet em que aparece fazendo sexo. Após a repercussão em Brasília e a saída do Congresso, participou do reality show A Fazenda, da rede Record e foi capa da Playboy.
Casos mais antigos
Em 2007, no centro do escândalo conhecido como “Renangate”, que derrubou a senador Renan Calheiros (PMBD) da presidência do Congresso Nacional, aparece a jornalistaMônica Veloso, com quem o senador teve uma filha em uma relação fora do casamento. Na ocasião, a revista Veja divulgou que as despesas pessoais do senador, incluindo a pensão e o aluguel de Mônica (que chegavam a R$ 12 mil), eram pagas pelo lobista Claudio Gontijo, ligado à empreiteira Mendes Júnior. Após ganhar notoriedade com o caso, a jornalista foi capa da revista Playboy e lançou o livro “O poder que seduz”, em que relata a relação com o senador.
“O mensalão existe e o Valdemar recebia”. Com essa frase, a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, ex-mulher do deputado Valdemar Costa Neto (PL na ocasião, que depois virou PL), confirmava, em julho de 2005, a participação do ex-marido no esquema de compra de votos na Câmara dos Deputados. Costa Neto foi condenado no julgamento do mensalão e este ano renunciou ao mandato após ter a prisão decretada. Atualmente está no presídio da Papuda, em Brasília.
Nicéa Pitta, a ex-mulher do ex-prefeito Celso Pitta, foi um dos principais estopins para a crise na Prefeitura de São Paulo, em 1999. Motivada por ciúmes e disputas por dinheiro, que causaram a separação do casal em novembro de 1998, ela acusou, quatro meses depois, o ex-marido de corrupção na administração na cidade e compra de vereadores.
Celso Pitta morreu em 20 de novembro de 2009, aos 63 anos, em decorrência de um câncer no intestino. Ele deixou 21 processos em andamento na Justiça (quatro ações cautelares e 17 por improbidade administrativa), que envolviam R$ 4 bilhões. Nicéa não conseguiu pagar as taxas de condomínio do luxuoso apartamento no bairro dos Jardins onde viveu com o ex-marido por vários anos e perdeu sua propriedade.
Impeachment do Collor
Há 21 anos, com um tailleur xadrez, a empresária Thereza Collor, então com 29 anos, chamou atenção ao lado do marido, Pedro Collor de Mello, durante uma coletiva de imprensa em que ele mostrava um atestado de sanidade mental e sustentava as denúncias de corrupção que acabaram em impeachment do então cunhado, o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Ela não falou uma palavra durante a coletiva, mas, contra a família de ambos, ficou ao lado do marido que reafirmava as denúncias de lavagem de dinheiro no exterior comandada pelo ex-tesoureiro Paulo César Faria, o PC Farias, feitas a revistas Veja, em maio de 1992. Após as denúncias, o casal, isolado, foi morar nos Estados Unidos. Pedro Collor morreu em de câncer em 1994.
Doze anos após o impeachment, a ex-primeira dama Rosane Collor revelou, em entrevista à revista Veja, que o ex-presidente Fernando Collor de Mello fazia rituais de magia negra na Casa da Dinda, residência oficial da presidência. Além disso, ao contrário, do que Collor afirmou na ocasião, ele continuava mantendo contato com PC Farias, mesmo após as denúncias de corrupção, que terminaram com a prisão de PC. O casal se separou em 2005, um ano antes de ele ser eleito senador. Ela se tornou evangélica e ganhou na Justiça no ano passado o direito a receber R$ 20 mil mensais de pensão do ex-marido.
Por iG São Paulo