Você, mulher, já parou para pensar em como reagiria se o seu parceiro sugerisse carícias na região anal dele? E se ele já pediu, você reagiu bem ou mal? Muitas mulheres se espantam com o pedido e associam o desejo à homossexualidade. Porém, de acordo com especialistas ouvidos por UOL Comportamento, essa é uma visão errada e preconceituosa sobre o tema, mas que pode ser mudada.
"De fato, há muitas mulheres que recusam o pedido do homem por achar que um pedido desse só pode partir de um gay. Mas é preciso se informar, isso é ignorância. Ela tem de procurar entender o que é isso, como funciona, para tirar essa ideia da cabeça antes de recusar e achar que o parceiro é homossexual, o que é completamente diferente", analisa a sexóloga Carla Cecarello.
Eliane Maio, psicóloga, sexóloga e professora-doutora da UEM (Universidade Estadual de Maringá) explica que uma conversa franca sobre o assunto é fundamental na hora de abrir a mente da mulher.
"Sempre digo que existem duas palavras 'mágicas': respeito e diálogo. Para que o casal possa abordar esse assunto, são necessárias conversas, para que sejam explicados os desejos e para que sejam respeitadas as opiniões. Para esse preconceito acabar, a mulher tem de se informar, pois o ânus é uma zona erógena, assim como outras do corpo", diz.
A região anal pode proporcionar muito prazer aos homens –o famoso ponto G masculino é a próstata, que é acessada pelo ânus. Mas para que ambos se sintam à vontade com a primeira experiência, a mulher pode massagear a região do períneo masculina (que fica entre o escroto e o ânus, do lado de fora) para, depois, pensar em introduzir o dedo.
"As coisas têm de acontecer devagar. A parceira pode fazer uma vez para ver como é. Se for algo muito complicado para ela, tem de conversar. Mas precisa tirar da cabeça os preconceitos. Ele não vai passar a ser homossexual por conta disso", explica ela.
Mapa sexual
A psicóloga clínica e especialista em sexologia Sônia Eustáquia tem visão semelhante, mas alerta para que os limites de cada um sejam respeitados, para que a prática não se torne um problema para o relacionamento.
"Muitas mulheres, mesmo depois de esclarecidas e sensibilizadas a aceitar a fazer essa carícia em seu parceiro, não se sentirão à vontade e vão continuar recusando. Nesses casos, é melhor respeitar, não insistir demais e aproveitar as outras coisas boas que o sexo proporciona", diz ela, que acredita que, quando há um consenso entre os dois, é válido buscar uma terapia sexual para ajudar no processo.
Quando ela não gosta de sexo anal
A mulher pode ter mais dificuldade de compreender o desejo do parceiro quando ela não gosta de sexo anal. Isso porque já existe uma predisposição contra a prática e uma trava em relação à região anal, por estar relacionada ao sentimentos de dor e desconforto que já experimentou ou imagina que exista.
"O receio pode, sim, ser maior nesses casos. O coito anal, para a maioria das mulheres, é traumatizante, porque é muito dolorido quando não se lubrifica adequadamente. O ânus passa a ser um representante de dor, desprazer e até mesmo de coisa proibida e profana. Ela sabe que pode não doer nele, que pode produzir prazer, mas não se sente à vontade", diz a psicóloga.
Se a decisão do casal for tentar, a região anal deve estar bem higienizada. Esse é o primeiro passo para que a experiência não desagrade a mulher nem seja constrangedora para o homem. E, na hora do ato, usar lubrificante à base água é fundamental para tornar a penetração mais fácil, agradável e sem dores.
Luiz Franco
Do UOL, em São Paulo