quinta-feira, 21/11/2024
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Mudar de Vida pode ser a solção para a dor de cabeça

“A medicina ainda não achou a cura, mas o paciente pode se curar, mudando hábitos de vida.” Baseado nesta teoria, o médico Alexandre Feldman, de 47 anos, dedica-se, há 20, ao estudo de uma doença que atinge um quinto da população mundial, a enxaqueca. Ele já publicou cinco livros sobre o assunto e atende pessoas de todo Brasil, e até de outros países, que não aguentam mais passar de especialista em especialista sem sucesso. “Elas chegam aqui desesperadas, até que descobrem que enxaqueca é a doença a ser tratada e não o sintoma de outro problema”, diz.
Feldman aponta pesquisas que mostram que cerca de 70% das pessoas que sofrem de enxaqueca já desejaram morrer a continuar com a dor. Por força genética ou hábitos de vida saudáveis, ele nunca teve enxaqueca. “Já tive dores de cabeça, mas nada que se compare ao sofrimento de pacientes que atendo.”

1 – Qual a diferença entre enxaqueca, dor de cabeça e cefaleia?
Cefaleia e dor de cabeça são a mesma coisa. Trata-se de um dos sintomas da enxaqueca, que envolve também náuseas, vômitos, aversão à claridade, a barulhos e cheiros, além de irritabilidade e até depressão. Tudo isso em crises que variam de 3 horas a 3 dias. Tem gente com crises diárias e tem gente que teve uma só a vida inteira. Essa doença não tem idade para se manifestar.

2 – Quem tem mais enxaqueca, homens ou mulheres?
As mulheres. Para cada homem, três a quatro mulheres sofrem da doença no mundo. Também há relação com o período pré-menstrual, que pode desencadear a dor. Isso porque a mudança hormonal pode gerar um desequilíbrio químico cerebral, levando à crise.

3 – Como tratar esta doença?
A medicina não tem a cura da enxaqueca. Em geral, os médicos tratam os
sintomas, mas não a doença. A cura está na própria pessoa, não através de remédios, mas sim de mudanças de hábitos de vida e de equilíbrio emocional. Levar uma vida saudável faz diferença e isso inclui evitar alimentos industrializados, voltar-se aos naturais e, principalmente, disciplinar o sono. Nosso organismo foi feito para dormir enquanto está escuro e não para ficar acordado até tarde com luz artificial. O sono é muito importante na fabricação de substâncias como a melatonina, que equilibra a serotonina (neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar), cujo desequilíbrio pode gerar enxaqueca, depressão e até síndrome do pânico.

4 – O que pode desencadear uma crise de enxaqueca?
Tem gente que come ou bebe algo, como chocolate, vinho ou queijo, e pouco depois sente dor. Mas varia, não é certo fazer uma lista, pois o que funciona para uma pessoa não funciona para outra. Sabemos que algumas coisas influenciam a serotonina e devem ser evitadas como os alimentos refinados
(farinha e açúcar) ou os industrializados. O uso de agrotóxicos na alimentação também tem uma relação direta, pois interfere nas funções biológicas e hormonais, desequilibrando o organismo (veja reportagem na págs. 14 e 15). O ideal é optar por alimentos orgânicos.

5 – O senhor prega o não uso de remédios. O que fazer, então, quando a dor
é intensa?
A longo prazo, remédios não funcionam mais. Durante uma crise sim, aí recomendo usar medicamentos. Mas o tratamento mais moderno envolve a minimização do uso de drogas e maximização da parceria médico-paciente, que tem que conhecer a vida da pessoa para conseguir tratá-la.6 – O fator genético conta?
Muito. Conheço pessoas que dormem e comem mal, desequilibradas emocionalmente, mas que não têm enxaqueca. Eu explico isso pela genética. Não confunda com um “castigo genético”, o que é muito comum de se ouvir. Trata-se de uma predisposição, que pode ou não se manifestar ao longo da vida.

7 – Além da dor, muita gente reclama que a enxaqueca atrapalha na qualidade de vida. Quanto a doença pode prejudicar o paciente?
A pessoa fica estigmatizada. Muitos médicos não entendem a doença e acreditam que os sintomas são só para chamar atenção. A pessoa chega em casa, quer descansar e não sair para jantar ou ir ao cinema. Então, ganha um estigma de chata. No trabalho, as pessoas também não entendem. Tenho pesquisas que apontam que 60% dos pacientes com enxaqueca já perderam uma grande oportunidade de trabalho por causa da doença, 80% se dizem incompreendidos pelo médico, e entre 60% e 70% já desejaram morrer a continuar com enxaqueca.

8 – O senhor diz que relaxar ajuda a amenizar uma crise. Mas como fazer isso num mundo onde todo mundo corre o tempo inteiro?
Há várias formas. Um bom banho pode relaxar, assim como também já está comprovado pela ciência o poder da oração sobre o relaxamento. Em geral, as pessoas fazem tudo errado, chegam em casa e acendem a luz, ligam a televisão e estimulam a visão. A tevê causa uma estimulação no cérebro, atrasa os ritmos de produção de hormônios e a vontade de dormir. A pessoa acaba dormindo por exaustão e não porque realmente relaxou.

9 – Há quem recomende o uso de toxina botulínica do tipo A (popularmente conhecida como botox) para tratar a enxaqueca. Funciona?
Trata-se de um modismo experimental e que não traz resultados tão bons como acupuntura, que deixou de ser uma medicina alternativa para se transformar em uma especialidade médica, com ação cientificamente comprovada. A técnica milenar influencia as quantidades de endorfina no cérebro, o que faz com que o paciente se sinta bem.

10 – Quanto tempo leva um
tratamento de enxaqueca?
Depende de cada pessoa. Não é possível prever. Depende da capacidade da pessoa em ser fiel ao tratamento, do desequilíbrio químico no organismo e do poder do organismo em se regenerar. Se é alguém debilitado por outras doenças, essa pessoa vai ter uma dificuldade maior de amenizar as crises.

Andrea Miramontes/F.U.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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