Criar um instrumento de certificação da origem da madeira matogrossense para ampliar o acesso ao mercado interno e internacional é a intenção das indústrias do setor de base florestal. O assunto foi debatido durante a 8a reunião ordinária da diretoria do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), ocorrida no último dia 28 de agosto. Na ocasião, alguns empresários demonstraram os cancelamentos das vendas e perda de mercado por falta de um selo que confirme a origem da madeira.
Muitas indústrias de Mato Grosso exportam para a União Europeia, que está mais exigente quanto à entrada da madeira brasileira no continente com a vigência da Lei Flegt, assim como os Estados Unidos, onde vigora a Lacey Act, desde 2008. Em linhas gerais, as leis estabelecem condicionantes para a entrada de madeira estrangeira nessas regiões e proíbe os produtos provenientes de fontes ilegais. Atualmente alguns países fronteiriços ao Brasil, a exemplo da Bolívia, vendem madeira certificada e originária de áreas de concessão florestal, lembrou o presidente do Cipem, Geraldo Bento.
“Nós estamos perdendo mercado para nossos vizinhos. Por isso vamos dialogar com o governo para tentar garantir essa certificação de origem”. Para ele, obter um certificado que comprove a legalidade da madeira produzida por Mato Grosso não é difícil.Por ser um Estado que garante a matéria-prima proveniente do manejo florestal sustentável. “Nossos projetos de manejo florestal são os melhores instrumentos para confirmar a legalidade da madeira produzida aqui”.
Ele destacou que o setor adotou a certificação da Forest Stewardship Council Brasil (FSC), uma das primeiras vigentes no país e datada de 1993. Porém, como o custo para manter essa certificação é alto e os compradores não pagam a mais pelos produtos com esse diferencial, muitas empresas abdicaram da certificação no Estado. “Poucas empresas têm condição de manter essa certificação, mas podemos adotar um selo de origem com um valor mais acessível”. Bento vê nessa exigência da certificação original uma oportunidade de valorizar a madeira mato-grossense.
Com uma indústria instalada no município de Alta Floresta, Luís Serafim Bianchini é um dos empresários do setor florestal que tem perdido venda para o mercado internacional por causa das novas exigências relacionadas à comprovação de origem da madeira. “Nossa empresa perdeu 10 importadores por falta de um documento que sustente que nossa madeira é legal”, desabafa. “Para mim, o projeto de manejo já orienta isso”.
Até mesmo no mercado interno a aceitação da madeira sem origem comprovada está mais restrita, completa Bianchini. “Hoje está difícil vender madeira para construção nos estados do Paraná e São Paulo sem certificação de origem”.
O presidente do Fundo de Apoio à Madeira (Famad) e também vice-presidente do Cipem, Paulo Seelend acrescentou que as exportações de madeira diminuíram. De janeiro a julho deste ano, as vendas externas de produtos florestais de Mato Grosso movimentaram US$ 54,035 milhões, sendo 10,58% a menos que o valor alcançado no mesmo intervalo do ano passado, quando atingiu US$ 60,430 milhões.
O que o mercado internacional quer é a segurança de estar adquirindo madeira do Centro Oeste com a garantia de origem. O Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) já oferece essa segurança, mas poucos conhecem como funciona e por isso é importante uma campanha fora do país que esclareça melhor sobre a atividade e mostre o quanto a floresta permanece conservada, expõe o presidente do Cipem.