A pecuária mato-grossense foi o segmento que mais apresentou cartas-consulta
aos agentes financeiros Banco do Brasil e Sicredi em 2010. Antes de serem
liberadas pelos bancos, as cartas-consulta são encaminhadas à Câmara Técnica
de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR), que tem por finalidade
analisar e aprovar o enquadramento dos interessados em acessar os recursos
do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
Das 1.332 cartas consultas analisadas pela Câmara no ano passado, mais de
75% eram para investimentos na pecuária. Em valor financeiro isso
representou R$ 327,47 milhões de um total de R$ 452,14 milhões aprovados na
Câmara e que foram destinados para aquisição de bovino de corte, gado de
leite, avicultura e suinocultura. Além disso, muitos pecuaristas solicitaram
o financiamento para construção de cercas, cochos, currais, barracões e
casas para colonos.
Segundo Karine Gomes Machado, analista de Agricultura da Federação da
Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e responsável por esse
levantamento, o FCO possui, atualmente, os melhores programas e linhas de
financiamento para o setor pecuário. “A linha oferece recursos a juros
relativamente baixos que variam entre 5% e 8,5% ao ano dependendo do porte
do produtor, cooperativa ou associação. Por isso acontece tanta procura por
parte do setor”, afirmou a analista.
No segmento agrícola, cujo investimento na safra geralmente é Custeio, foram
apresentadas e aprovadas apenas 67 cartas-consulta para correção de solo,
implantação e renovação de lavouras de cana-de-açúcar (R$ 23,27 milhões).
Somadas às 150 cartas destinadas à aquisição de máquinas, equipamentos,
implementos e veículos (R$ 45,31 milhões), o setor agrícola teve 15% do
valor total de cartas-consulta aprovadas pelo CPACR.
Para 2011, o interesse dos agricultores pelo FCO deve ser maior, pois o
Conselho Deliberativo do FCO autorizou o fundo a efetuar operações de
custeio. Os agentes financeiros passarão a atuar com duas linhas de
financiamento: uma é a do MCR (Manual do Crédito Rural) e a outra é com
recursos do FCO. O crédito destinado ao pré-custeio, com recursos do FCO,
poderá ser tomado até o dia 30 de junho. Após essa data, o Banco do Brasil
solicitará a renovação da autorização para operações de custeio.
Recursos Distribuídos e Contratados em 2010 – No ano passado, os
mato-grossenses emprestaram R$ 1,25 bilhão do FCO. O volume representa
crescimento de 25% em relação ao montante registrado no ano anterior, quando
foram contratados R$ 997,9 milhões. Porém, o setor rural não acompanhou este
aumento e contratou R$ 530 milhões. E 2009, R$ 628 milhões foram contratados
pelos produtores. “Uma das justificativas para essa redução foi a demora da
atualização do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR). Isso
prejudicou as contratações que começaram a ser liberadas timidamente somente
em meados de março do ano passado”, explicou Karine.
FAMATO – Assinatura e-mail – Comunicação – ASCOM