Segundo estudos feitos pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), entidade interligada ao Sistema Famato, 35% da capacidade de abate de bovino de corte estão paralisados. Este percentual corresponde à paralisação de 15 unidades frigoríficas no Estado. Segundo o Imea, Mato Grosso possui hoje 50 unidades frigoríficas com capacidade de abate de 37.154 cabeças/dia. Deste montante 38 unidades estão habilitadas para exportar carne, o que representa uma capacidade de abate de 34 mil cabeças/dia, e 15 plantas estão paralisadas por situações de recuperação judicial. Essas 15 unidades abatem em média 13 mil animais, ou seja, 35% da capacidade de abate do Estado.
De acordo com o levantamento do Instituto, as regiões que mais estão sendo afetadas com a paralisação das atividades frigoríficas são: o Nordeste e o Noroeste. Essas duas concentram 40% do rebanho bovino do Estado, o que significa 9,8 milhões de animais. “Estas são as regiões com maior dificuldade para fazer a comercialização do gado”, ressaltou Seneri Paludo, superintendente do Imea.
Faturamento – Considerando que o Estado abatia anteriormente 100%, comparando com a realidade de hoje, num período de um ano, Mato Grosso deixa de gerar cerca de R$ 4,2 bilhões só na comercialização dos produtos. Ou seja, se comparar todos os frigoríficos, pegar o cenário de hoje e analisar o que deixa de ser comercializado, o Estado deixa de faturar 37% de todo o faturamento do segmento.
Seneri explica que a suspensão das atividades dos quatro grupos frigoríficos que pediram a recuperação judicial (Arantes, Margem, Independência e Quatro Marcos) reflete diretamente em vários setores do Estado. Um deles está na arrecadação de impostos. Só de ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, são 19% que deixam de ser arrecadados de uma perda de R$ 37 milhões.
Emprego – Outro reflexo da crise está relacionado às questões sociais. As demissões nos 15 já atingem 4,8 mil funcionários registrados. Ainda há mais 4,2 mil funcionários que estão suscetíveis de serem demitidos. Com base em estudos econométricos, o Imea chegou a um número de 39 mil trabalhadores indiretos que serão afetados com a crise. Este número é feito por município e plantas frigoríficas. “Se olharmos num contexto individualizado, por município, este número assusta. Podemos tirar uma base, de que 50% da população de alguns municípios estão sendo afetados com a crise do setor frigorífico”, explica Seneri.
Diante desta conjuntura econômica, lideranças do setor produtivo veem com muita preocupação a crise dos frigoríficos em Mato Grosso. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, acredita que possa estar ocorrendo um esquema por parte dos donos dos frigoríficos com relação ao pedido de recuperação judicial. “Estou crendo que os donos dos frigoríficos estão mal-intencionados em tirar proveito dos benefícios da lei e para dar o calote nos pecuaristas e trabalhadores”, alertou.
Esses dados foram apresentados aos parlamentares da Comissão de Indústria, Comércio e Turismo, da Assembleia Legislativa do Estado, que garantiram que vão buscar alternativas junto ao Governo do Estado.