Ministério Público Estadual (MP-MT) pediu à 7ª Vara Criminal de Cuiabá para que compartilhe as provas da operação Rêmora, que apurou fraudes em licitações de obras em escolas públicas do estado, com a Procuradoria-Geral da República. Os crimes teriam sido cometidos entre 2015 e 2016, dois primeiros anos do governo Pedro Taques (PSDB).
O pedido foi feito após os nomes do governador do estado e do deputado federal Nilson Leitão (PSDB), serem citados durante depoimento do empresário Alan Malouf, acusado de ser um dos líderes do esquema. Os dois políticos têm foro privilegiado e só podem ser julgados em Brasília. Malouf disse à Justiça que ambos tinham conhecimento do esquema montado na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e ainda denunciou um esquema de "caixa 2" durante a camapanha de Taques ao governo do estado.
À reportagem, o deputado Nilson Leitão disse que jamais teve tratativa ou encontro sobre assuntos relativos à Seduc com Alan Malouf e que só ficou sabendo da acusação pela imprensa. Por meio de nota, o governador negou as afirmações do empresário, chamando-as de "levianas e absurdas", assim como disse ser "fantasiosa a existência de valores não contabilizados na campanha de 2014".
O empresário Alan Malouf prestou depoimento à Justiça em junho deste ano, no Fórum de Cuiabá, e afirmou que o governador Pedro Taques tinha conhecimento do esquema de pagamento de propina na Seduce da existência de "caixa 2" na campanha eleitoral de 2014, quando concorreu ao governo do estado.
Alan Malouf chegou a ser preso por envolvimento nas fraudes da Educação, mas deixou a prisão e hoje é monitorado por meio de tornozeleira eletrônica. Ele disse à Justiça que ingressou no esquema para receber parte da propina que era paga por empreiteiros que queriam tocar as obras da pasta, uma forma encontrada por ele de reaver os R$ 2 milhões que injetou na campanha de Taques ao governo do estado, em 2014.
O empresário foi o coordenador financeiro da campanha de Taques e disse que a doação milionária foi feita por ele como uma forma de empréstimo, em "caixa 2", ou seja, não foi declarada à Justiça. Malouf disse ter recebido de volta R$ 260 mil de forma parcelada. Em duas ocasiões, o dinheiro foi entregue na empresa dele e, em outra, na casa dele. O empresário afirmou que se dispõe a devolver esses mais de R$ 200 mil provenientes de propina que recebeu.
Outro lado
Em nota, o governador disse que teve as contas de campanha aprovadas pela Justiça Eleitoral e que as declarações de Alan Malouf são uma "tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-lo em ações criminosas das quais jamais teve conhecimento".
Pedro Taques afirmou, ainda, que já prestou informações à procuradoria-geral da república sobre a operação Rêmora em 4 de maio deste ano, ocasião em que diz ter apontado os "equívocos do depoimento do empresário Alan Malouf e restabelecendo a verdade dos fatos".
- G1 –CUIABÁ
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