O ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, sugeriu, em entrevista à rádio BandNews , que uma mudança na lei pode reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal que enviou processos da Lava Jato que envolvem caixa dois e demais atos associados a crimes comuns, como corrupção, devem tramitar na Justiça Eleitoral.
“Como foi interpretação legislativa, o que se pode fazer é tentar mudar via legislativa. No âmbito do projeto anticrime, nós temos um projeto, o PLP 38/2019, que pode ser apreciado, e isso ser alterado”, disse Moro. “O remédio para issoé a gente mudar a legislação”, completou.
O ex-juiz ainda afirmou que “discorda respeitosamente” dos ministros do Supremo. No dia seguinte à decisão do STF, Moro já havia feito críticas. “Respeitamos a decisão do STF, mas persistimos no entendimento de que a Justiça Eleitoral, apesar de seus méritos, não está adequadamente estruturada para julgar casos criminais mais complexos, como de corrupção ou lavagem de dinheiro. Mas a decisão do STF será, como deve ser, respeitada”, disse.
Na mesma entrevista, o ministro também minimizou o recente atrito que teve com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O parlamentar havia acertado com a base do governo Bolsonaro que a prioridade no Congresso seria a aprovação da reforma da Previdência. Moro, no entanto, queria que o pacote anticrime tramitasse no mesmo ritmo e acabou irritando o presidente da Câmara.
“Moro está desrespeitando acordo meu com o governo. Nosso acordo é priorizar a reforma da Previdência. Espero que ele entenda que hoje ele é ministro de Estado. Ele está abaixo do presidente. Eu já disse a ele que esse projeto vai ser posterior à Previdência”, disse Maia logo após o atrito. O democrata ainda frisou que Moro era apenas um “funcionário de Bolsonado”. O deputado ainda acusou o ministro de “copiar e colar” o projeto apresentado pelo agora ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.
Moro, no entanto, tratou a rusga com normalidade. De acordo com o ministro, a troca de farpas entre os dois foi “super dimensionada” pela imprensa. “Já conversamos, estamos tranquilos e o projeto vai tramitar”, finalizou o ex-juiz.