Documentos da Defesa também apontam que o ministro mentiu para Lula ao afirmar que pegou carona na volta da viagem com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho
A despesa com o voo da FAB solicitado pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, para uma agenda em São Paulo em janeiro, majoritariamente destinada a compromissos particulares, foi calculada em R$ 130.392,87 pelo Ministério da Defesa, de acordo com documentos oficiais revelados pelo Estadão. Dos quatro dias em São Paulo, o ministro dedicou três a eventos privados, incluindo leilões de cavalo, inauguração de uma praça em homenagem a um cavalo e uma festa temática equina, todos financiados com recursos públicos.
Os mesmos documentos da Defesa também apontam que o ministro mentiu para Lula ao afirmar que pegou carona na volta da viagem com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Diante disso, o presidente ameaçou demitir o ministro, a menos que ele conseguisse se explicar. As informações oficiais indicam que Juscelino solicitou o voo de volta de São Paulo para Brasília alegando “viagem a serviço”, contradizendo o que havia informado a seu chefe.
Juscelino Filho, ministro das Comunicações, é um dos três titulares de ministérios do governo Lula indicados pelo União Brasil. Além dele, Daniela Carneiro (Turismo) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) também ocupam cargos na Esplanada dos Ministérios. No entanto, Daniela deixou a sigla e o União Brasil busca recuperar a vaga.
Os compromissos do ministro em São Paulo se limitaram a duas horas e meia entre os dias 26 e 27 de janeiro. A partir do dia 27 à tarde, Juscelino dedicou-se exclusivamente a compromissos relacionados aos cavalos. Ele só retornou a Brasília no dia 30 de janeiro.
Em resposta à deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que exigiu esclarecimentos do governo sobre o caso, a Defesa revelou que Juscelino solicitou o jato da FAB para retornar a Brasília no dia 27 de janeiro, às 17h33. Isso desmente a afirmação do ministro de que ele apenas pegou uma carona, sem gerar despesas aos cofres públicos. Juscelino e o ministro Luiz Marinho compartilharam o mesmo voo, devido ao fato de ambos terem solicitado à FAB a aeronave com o mesmo trajeto.
O Ministério das Comunicações ocultou que havia solicitado à FAB tanto o voo de ida quanto o de volta, alegando que o chefe da pasta trabalharia durante esse período. O ministro requisitou uma aeronave para o trecho Brasília-São Paulo em 24 de janeiro, dois dias antes da viagem. Posteriormente, solicitou o avião de volta em 27 de janeiro, três dias antes do retorno.
Fonte: Estadão