O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, disse nesta segunda-feira que está “indignado” com as acusações de que estaria envolvido no suposto esquema de corrupção revelado pela Operação Navalha, da Polícia Federal.
“Causa indignação este pré-julgamento. É uma coisa horrível”, afirmou o ministro em Assunção, onde integrou a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita ao Paraguai.
“Eu não posso aceitar isso (as suspeitas). Tenho toda uma história e uma biografia a zelar que está acima do cargo e acima de tudo. Isso é um processo altamente nocivo”, disse o ministro.
Silas Rondeau é um dos investigados da Operação Navalha, que revelou um suposto esquema de pagamento de propinas no governo e favorecimento de empresas para realização de obras públicas. Mais de 40 pessoas já foram presas.
Assuntos internos
O presidente Lula se recusou a comentar o caso quando foi questionado na entrevista coletiva em Assunção, ao lado do presidente paraguaio, Nicanor Duarte Frutos.
“Não falo de assuntos internos”, afirmou Lula. “Daqui a três ou quatro horas estarei do lado brasileiro de Itaipu e daí vocês podem fazer todas as perguntas que quiserem sobre o Brasil”, disse.
Lula se encontrou com o ministro nesta segunda-feira pela manhã, antes dos compromissos do dia, mas a conversa não foi divulgada.
O ministro Silas Rondeau chegou a Assunção no domingo à tarde, num avião separado do avião que trazia o presidente –os ministros vieram de Brasília e o presidente veio de Foz do Iguaçu.
Já no domingo, o ministro tentou evitar a imprensa, mas acabou falando sobre as acusações, antes mesmo da divulgação das gravações pelo programa Fantástico, da TV Globo.
Na reportagem, uma câmera interna do ministério de Minas e Energia mostra uma suposta funcionária da empresa Gautama –empresa acusada de ser favorecida pelo governo– entrando no gabinete de Rondeau. O programa “Luz para Todos”, do ministério, está sendo investigado pela Polícia Federal.
Ele disse que “não se deve julgar por boatos” e negou que Sérgio Sá, um dos envolvidos no suposto esquema, seja seu assessor no Ministério.
“Não existe assessor no ministério com o nome de Sérgio Sá”, afirmou. “O meu chefe de gabinete não é o assessor supostamente envolvido no problema. O suposto assessor não é do ministério de Minas e Energia. Nós tomamos todas as providências que o ministro tem que tomar num momento destes. Este assunto está sendo muito bem conduzido.”
Questionado sobre se estaria à vontade para continuar no cargo, ele disse que sim, “até o momento em que o presidente, que é o dono do cargo, decida sobre isso”.
“Eu não tenho absolutamente nada a temer num processo como este. Estou absolutamente convicto de que não existe nada que venha a comprometer. E isso aí será provado na Justiça.”