Guedes classificou de “prematuras” as estimativas de redução de 8% na área plantada de grãos na próxima safra. O Banco do Brasil, por exemplo, calcula que o plantio de soja no Centro-Oeste caiu entre 10% e 12%. Ou seja: a produção dos grãos, que entre 2001 e 2003 foi um motor do crescimento e ajudou a transformar a balança comercial em um fator de estabilização da economia, pode cair.
Guedes Pinto, que ainda aguarda as primeiras pesquisas de campo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para concluir se haverá mesmo queda na área plantada, já admite que a melhor hipótese é o plantio ficar igual ao da safra passada. Pode ainda haver uma ligeira queda, de 5%.
Uma queda no plantio de grãos, porém, não indica necessariamente que a renda gerada no campo será menor. “Depende dos preços internacionais dos produtos.” Ele citou como exemplo a carne. Mesmo com os focos de febre aftosa e a determinação de embargo por vários países, as exportações brasileiras estão crescendo.
Segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), as exportações de carne de janeiro a julho deste ano foram 15% maiores do que as de janeiro a julho de 2005, passando de US$ 1,76 bilhão para US$ 2,04 bilhões. A explicação é a alta do preço. Na carne bovina in natura, por exemplo, houve queda de 0,89% na quantidade vendida, mas no mesmo período os preços subiram 10,8%. Da mesma forma, acredita o ministro, uma produção menor de grãos poderá ser compensada pela alta de sua cotação no mercado.
Além disso, o recuo no plantio de grãos está sendo compensado pelo aumento no plantio de outros produtos. A área plantada de algodão, por exemplo, deverá crescer 25%, segundo estimativas preliminares.
Para o ministro da Agricultura, a sensação de que os produtos agrícolas perderam seu lugar na tribuna de honra dos puxadores da economia se deve a análises de curto prazo. “É preciso olhar prazos mais longos”, disse Guedes Pinto.