Desde 4 de abril, apenas grupos prioritários, como idosos, crianças e gestantes, podiam se vacinar, mas adesão foi baixa
A partir deste sábado (25), estados e municípios estão autorizados a oferecer a vacina contra a gripe no SUS a todos acima de seis meses de idade, conforme decisão do Ministério da Saúde. O novo calendário, todavia, fica a critério de cada localidade.
A expansão se dá 80 dias após o início da campanha de imunização contra a influenza, que tinha como grupos prioritários idosos e profissionais de saúde.
Em maio, a segunda fase incluiu gestantes, crianças, indígenas, população carcerária, professores e outras categorias profissionais.
O público-alvo definido pelo Ministério da Saúde para a campanha deste ano é de 77,9 milhões de pessoas, mas somente 36,1 milhões de doses haviam sido aplicadas – cobertura de 53,5%, até sexta-feira (24).
A cobertura vacinal é menor entre gestantes (35,2%) e crianças (42,6%). Cerca de 60% dos idosos buscaram a imunização até o momento, mesmo patamar dos profissionais de saúde.
Em 2021, os maiores contingentes dos grupos prioritários – idosos, crianças, gestantes, puérperas, indígenas e trabalhadores da saúde – tiveram uma cobertura vacinal de 72,8%.
O médico Renato Kfouri, membro da diretoria da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e da Câmara Técnica do PNI (Programa Nacional de Imunizações), chama atenção para o fato de que, anualmente, entre 70% e 75% das mortes por gripe ocorrem em idosos, gestantes, crianças, portadores de doenças crônicas e puérperas.
“Uma vez que a campanha é prorrogada e não se alcança o objetivo de imunizar os grupos prioritários, é louvável que se amplie para todos, não faz sentido desprezar vacinas.”
O Ministério da Saúde encomendou 80 milhões de doses ao Instituto Butantan. Como menos da metade foi aplicada, o restante continuará sendo usado em quem chegar nos postos de saúde até que os estoques acabem.
Kfouri, porém, critica a ausência de “uma campanha mais efetiva” para conscientizar os grupos prioritários de que a gripe representa um risco.
“É a estratégia que o governo faz em cada campanha: faz a prorrogação e quando vê que não atingiu a cobertura, abre para todos. Não é o ideal, mas é o que tem sido realizado em vários dos anos.”
Para ele, o ideal seria que os 80 milhões de doses fossem aplicados integralmente nas populações com maior chance de evoluir para quadros graves da doença.
Todos os grupos prioritários ainda poderão se vacinar, mesmo com a campanha expandida para outras faixas etárias.
O imunizante está atualizado para as cepas de influenza que devem circular com mais intensidade neste ano, incluindo a H3N2 Darwin, que causou surtos entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 em algumas localidades do Brasil.
Cabe ressaltar que o reforço da Covid-19 pode ser tomado junto com a vacina da gripe, exceto para adolescentes.
R7