quinta-feira, 21/11/2024
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Milhões no exterior: Brasil tenta repatriar fortuna de corruptos

O governo brasileiro negocia com autoridades suíças a recuperação de quase US$ 40 milhões desviados pelo ex-juiz Nicolau do Santos Neto e por fiscais do Rio envolvidos no esquema do propinoduto. Missão do Ministério da Justiça participou de reuniões em Berna, Lausanne e Genebra com juízes suíços para tentar repatriar o dinheiro, bloqueado em bancos europeus. O caso das contas do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), eleito deputado federal dia 1º, também foi discutido.

Os encontros tiveram o objetivo de discutir como acelerar a cooperação, para que o dinheiro seja liberado nos próximos meses. Pela lei suíça, uma conta pode ser bloqueada caso haja indícios de lavagem de dinheiro e corrupção. Mas os recursos só podem ser repatriados quando os suspeitos forem condenados em última instância. As autoridades brasileiras tentam convencer os juízes suíços a permitir a repatriação antes disso.

No caso do juiz Nicolau dos Santos Neto, que desviou recursos das obras do Fórum Trabalhista em São Paulo, US$ 4,5 milhões estão bloqueados em contas na Suíça e até agora não foram enviados ao Brasil.

O governo também está tentando repatriar outra fortuna: US$ 33 milhões que teriam sido desviados por fiscais, entre eles Rodrigo Silveirinha, ex-subsecretário de Administração Tributária do governo do Rio. A denúncia contra Silveirinha, por lavagem de dinheiro e corrupção, só ocorreu graças a uma investigação feita pelo Ministério Público da Suíça. Autoridades de Berna informaram ao Brasil das suspeitas em 2002 e pediram ajuda na investigação.

O caso foi levado à Justiça suíça depois que o Banco UBP comprou o Discount Bank, em Genebra, e o submeteu a auditoria. O resultado foi a revelação de contas suspeitas dos brasileiros. Silveirinha alegou na época que o dinheiro vinha de consultorias a empresas, o que não convenceu a Justiça suíça. Os dois casos representam mais de 10% de todo o dinheiro que o governo tenta repatriar. As estimativas são de que US$ 300 milhões estariam em bancos estrangeiros e poderiam, eventualmente, voltar ao Brasil.

Maluf é alvo de investigações na Suíça

Deputado federal mais votado em São Paulo (739 mil votos), Paulo Maluf também está sendo investigado em Genebra por lavagem de dinheiro. Segundo o juiz Vincent Fournier, o processo não será interrompido diante da vitória de Maluf nas urnas. O Ministério Público estima que os recursos dele no exterior cheguem a mais de US$ 100 milhões, um terço do total que o governo estaria está tentando repatriar.

Na terça-feira, em Lausanne, o Brasil foi o principal porta-voz dos países em desenvolvimento no encontro com autoridades das nações ricas e de paraísos fiscais. Ao lado de Argentina, China, África do Sul e Nigéria, entre outros, as autoridades insistiram que suíços, britânicos e americanos não interfiram na forma pela qual o dinheiro repatriado é usado quando volta aos cofres públicos. Governos, como o da Suíça, querem que seja destinado a projetos sociais.

OD

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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