Os protestos, que segundo pesquisas de opinião têm o apoio de três quartos do público francês, refletem o clima crescente de desilusão com as promessas de reforma de Sarkozy.
A crise fez o número de desempregados passar de 2 milhões e deixou muitas pessoas em dificuldades devido ao alto custo de vida.
Transportes, energia e algumas repartições públicas foram afetados com a greve de trabalhadores, embora não tenha havido uma paralisação geral da economia. A maioria das empresas e dos serviços públicos funcionou em níveis próximos dos normais.
Estão planejados cerca de 200 comícios e passeatas, seguindo o protesto do dia 29 de janeiro, no qual cerca de 2,5 milhões de pessoas participaram.
“Os manifestantes têm um senso profundo de injustiça social, e acho que isso é algo que nem o governo nem os empregadores entenderam”, disse Jean-Claude Mailly, presidente do grande sindicado Force Ouvrière (Força Operária).
Lutando para conter um déficit orçamentário que inchou de modo dramático com os bilhões de dólares despejados pelo governo no resgate de bancos e montadoras automotivas, Sarkozy vem se negando a dar ouvidos às reivindicações dos sindicatos por reajustes salariais ou melhor proteção dos empregos.
Mas uma série de disputas, abrangendo desde greves de funcionários de universidades até protestos turbulentos de trabalhadores numa fábrica de pneus no norte da França, ressalta o clima cada vez pior de insatisfação popular, que o governo teme que possa se intensificar. No protesto que fizeram esta semana, os trabalhadores da fábrica de pneus jogaram ovos sobre os diretores da empresa.
“De acordo com as informações recebidas sobre as manifestações da manhã, houve mais manifestantes que em 29 de janeiro e mais paradas de trabalho no setor privado”, disse Bernard Thibault, presidente da poderosa confederação sindical CGT.
Entre 40 mil e 50 mil pessoas fizeram uma passeata em Rouen, no norte do país, enquanto 35 mil pessoas fizeram protestos na cidade portuária de Le Havre, segundo os sindicatos. Para a polícia, porém, os manifestantes em Le Havre não passaram de 10 mil.
Os trens interurbanos de alta velocidade, os trens suburbanos da região parisiense e várias cidades das províncias, incluindo Lyon, Bordeaux e Estrasburgo, foram fortemente afetados, mas o metrô parisiense estava operando quase na normalidade.
A CGT disse que os trabalhadores do setor energético cortaram 10 mil megawatts de produção durante a noite, incluindo 14% da capacidade nuclear de 11 usinas.
U.Seg