Centenas de milhares de peregrinos xiitas dirigiram-se nesta quinta-feira, a pé, a um templo ao norte de Bagdá, rezando por segurança durante um ritual anual que foi marcado por violência nos últimos dois anos.
Eles balançaram bandeiras, cantaram e bateram nos peitos, em gestos tradicionais do ritual de luto xiita. Outros carregavam um simbólico caixão do imã Musa Kadhim, mártir xiita preso e envenenado em Bagdá, 1.200 anos atrás.
Muitos caminharam durante dias sob o forte calor do verão iraquiano para chegar ao local onde Kadhim está enterrado. No caminho, tendas oferecem água, doces, tâmaras e suco.
“Claro que tenho medo. Mas, se Deus quiser, voltarei para casa bem”, disse Um Khaled, usando a tradicional veste negra.
“Faço esta peregrinação todos os anos, (a violência) não vai me impedir.”
Para Abd Sirhan, 37, que caminhou dois dias com sandálias de plástico a partir de sua casa, “não é como no ano passado, neste ano está seguro”.
Ele disse que o caminho todo parecia seguro, com vigilância da polícia iraquiana e postos do Exército.
Há dois anos, quase 1.000 peregrinos foram mortos em uma ponte perto do templo seguindo-se a uma confusão provocada por rumores da presença de um homem-bomba. O incidente teve o maior número de mortos desde a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 para derrubar Saddam Hussein.
No ano passado, homens armados emboscaram peregrinos a caminho do templo, matando 20 e ferindo outros 300.
Autoridades de Bagdá decretaram três dias de toque de recolher para veículos, a partir de quarta-feira. Muitas lojas da cidade estão fechadas e as ruas fora da rota dos peregrinos, desertas.
A peregrinação anual em homenagem a um dos 12 imãs reverenciados pelo xiitas atrai cerca de 1 milhão de pessoas por ano desde a queda de Saddam, que era árabe sunita. Durante o governo dele, o evento era bem mais discreto, mas, junto com outras peregrinações, tornou-se agora um símbolo da maioria xiita, atualmente dominante.