Boletim Focus também mostra corte na projeção do desempenho da economia em 2023
O mercado financeiro revisou para cima pela quinta semana seguida a expectativa para a inflação e passou a enxergar os juros mais altos em 2022. As novas previsões foram publicadas nesta segunda-feira, 14, no Boletim Focus, a pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com mais de uma centena de instituições.
Os analistas passaram a ver o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 5,5% ao fim deste ano, ante 5,44% na edição passada. A revisão afasta o patamar da meta de 3,5% determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. Caso se confirme, será o segundo ano seguido que o IPCA estoura o teto. Em 2021, o índice encerrou com alta de 10,06%, muito acima da meta de 3,75%, com variação permitida de 2,25% e 5,25%. Para o ano que vem, o mercado manteve a projeção de 3,5%. Em 2023, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%. A inflação registrou alta de 0,6% em janeiro e foi a 10,38% no acumulado de 12 meses. Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o pico da variação de preços deve ser atingido entre abril e maio.
Após as divulgações da inflação de janeiro, o mercado financeiro passou a ver a Selic a 12,25% ao ano, contra estimativa de 11,75% na semana passada. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa de juros a 10,75% na primeira reunião de 2022, em fevereiro, e contratou nova alta para o encontro agendado para março, apesar de admitir que deve reduzir o ritmo. Para 2023, os analistas do mercado mantiveram a projeção de Selic a 8% ao ano, o mesmo patamar nas últimas 10 publicações do Boletim Focus.
A escalada dos juros incide diretamente no desempenho da economia por desestimular a tomada de crédito e pesar sobre uma série de taxas de financiamento, como de imóveis e carros. O mercado segurou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,3% para este ano. Em 2023, no entanto, a projeção foi cortada para 1,5%, contra 1,53% na semana passada. Os analistas revisaram levemente para baixo a expectativa com o dólar neste ano para R$ 5,58, ante R$ 5,60 na edição passada. Ao fim de 2023, o mercado estima a cotação a R$ 5,45.