Três das cinco maiores empresas do setor abrem capital e anunciam investimentos. A forte demanda mundial por carnes está ampliando o mercado dos frigoríficos brasileiros e consolidando uma tendência mundial de concentração do setor em poucos grupos. Nessa quarta-feira (30-05), as ações do Friboi subiram 5,54% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), depois que a empresa assumiu a liderança mundial nesse ramo. Ao mesmo tempo, o Independência anunciou a aquisição de uma nova unidade e o Minerva solicitou a abertura de capital e aguarda parecer da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como o Marfrig.
As estimativas do setor são de que as cinco maiores companhias estejam investindo este ano R$ 4,3 bilhões em aumento da capacidade. O maior aporte virá do Friboi, que captou R$ 1,6 bilhão na bolsa. Projeções indicam que os outros dois que aguardam o lançamento de ações poderiam captar cerca de R$ 1,1 bilhão, valor proporcional ao tamanho destas empresas em relação ao Friboi.
“O quadro mundial de consumo da carne bovina está fazendo Brasil bater recorde em cima de recorde a cada ano e impulsionando os investimentos”, diz Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Entre janeiro e abril o País comercializou com o exterior US$ 1,4 bilhão – valor 41,1% superior ao mesmo período de 2006.
O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, acrescenta que os últimos anos foram positivos para exportadores, elevando suas margens e capitalizando-os para investimentos. Estima-se que uma planta frigo-rífica com capacidade de abate de 1 mil animais por dia esteja valendo perto de R$ 150 milhões – o dobro do ano passado. Analistas acreditam que o Independência adquiriu o Goiás Carne por um valor três vezes maior que o original – a empresa não revela o investimento.
“A compra representa a continuidade da nossa estratégia de crescimento”, diz o diretor-financeiro do Independência, Tobias Bremer. Com a aquisição e investimentos em ampliações de unidades, a capacidade industrial da empresa chegará a 7 mil animais por dia no final de 2007. Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria, lembra que o Independência foi muito prejudicado com os embargos impostos a partir do foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, em 2005, e por isso passou a adquirir unidades em outros estados, como Minas Gerais, Rondônia e Tocantins. Bremer acrescenta que a abertura de capital é um passo natural que o Independência irá tomar, podendo ocorrer ainda este ano ou em 2008. “Não estamos com pressa”, afirma.
O Minerva – que encontra-se em “período de silêncio” prevê a oferta adicional de 15% do total. A empresa não detalha em seu prospecto quanto será investindo em expansão e o valor destinado a capital de giro. O mercado aguarda que em breve o Bertin, segundo maior do País, também possa vir a abrir capital.
Gazeta Mercantil