Praticamente 90% do asfalto iniciado em 2008 pela Prefeitura de Cuiabá,
antes da campanha de reeleição do prefeito Wilson Santos (PSDB), em diversos
bairros, não foi concluído e as obras estão paralisadas. Além disso, o
material utilizado é muito diferente da propalada qualidade prometida pelo
prefeito.
Há algumas semanas, em entrevista ao radialista Lino Rossi, na Rádio Mega FM
(95,9), Wilson Santos foi interpelado por uma moradora do Jardim 1º de Março
(Grande Morada da Serra) sobre a conclusão do pavimento nas ruas ‘2’ e ‘M’,
além do acabamento, como meio-fios e sarjetas.
“Porque não foi meio-fio onde foi implantado o asfalto?”, questionou a
moradora. Ele respondeu que os serviços seriam concluídos em 30 dias,
inclusive com meio-fios e galeria de águas pluviais. Santos disse ainda que
o asfalto era de primeiro mundo, com cinco centímetros de espessura e com
toda drenagem.
A diretoria da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb)
constatou que o asfalto possui apenas 2,5 centímetros de espessura, apenas
metade do anunciado. “Além disso, não possui nem um palmo de meio-fio,
tampouco galerias de águas pluviais”, argumenta o presidente da Ucamb, Édio
Martins de Souza.
O problema se agrava porque mais de 70% dos bairros da periferia de Cuiabá
não possui asfalto. Por conta disso, muitos não recebem sequer o caminhão da
coleta de lixo. “O caminhão só passa onde tem asfalto. Se descer até às ruas
esburacadas, corro o risco de quebrar, por causa do peso e das péssimas
condições de tráfego. Já presenciei, em várias ocasiões, os caminhões
quebrados”, confirma Édio Martins.
O presidente da Ucamb assegura que os moradores, em sua maioria, são
ordeiros e gostam de limpeza. “Ninguém deseja jogar lixo em terrenos baldios
e leito de córregos, mas, como a coleta não existe, os moradores se viram do
jeito que podem”, justifica ele.
Édio Martins recorda que, no prolongamento da Avenida Rubens de Mendonça
(CPA), nas imediações do Jardim das Aroeiras, há meses existe uma espécie de
lixão. “E o senhor Wilson promete, desde o primeiro ano do primeiro mandato
que Cuiabá terá ‘Eco Ponto’ e que será a Capital mais limpa do Brasil. Só na
cabeça dele, mesmo”, afirma o presidente da União das Feiras da Baixada
Cuiabana (UFBC), Pedro Albuquerque, o ‘Pedrinho da Feira’.
Pedrinho da Feria afirma que dezenas de bairros de Cuiabá não têm ruas
trafegáveis sequer para atividades essenciais, como o trânsito de caminhão
de lixo, ambulâncias e viaturas da Polícia.
O tenente-coronel Clarindo Alves Castro, do Comando da Polícia Militar,
confirmou a informação de Édio Martins, durante debate na Casa do
Comunitário.
Édio Martins de Souza cita o caso do bairro Três Poderes, atrás do
Residencial Paiaguás, que está completamente isolado. “O acesso ao bairro é
feito por uma ponte de madeira, por dentro do Jardim Itapuã, obrigando que
os moradores dêem uma grande volta e corram riscos”, justifica ele.
*”BREU” TOTAL*
Édio Martins cobrou, ainda, a promessa de que, com o Projeto Reluz, Cuiabá
seria uma das capitais mais iluminadas do Brasil. Ele diz que a escuridão
tomou conta de centenas de bairros da Cidade Verde.
Como exemplo, Martins de Souza cita o “breu total” na rua 31, entre as ruas
‘L’ e a travessa ‘A’, no Jardim 1º de Março, diante do acesso ao bairro Três
Barras, por onde circulam milhares de pessoas, diariamente. Os moradores,
inclusive, apelidaram o espaço de ‘Avenida da Escuridão’.
“Por ali transitam trabalhadores, estudantes e fiéis de diferentes
religiões, correndo risco de ser vítima de alguma modalidade de crime”,
resume Édio Martins.
O prefeito Wilson Santos, através da assessoria, não quis comentar o
assunto. O secretário municipal de Infra-Estrutura, Josué de Souza Júnior,
não quis comentar o assunto, por telefone, sob argumento de que estava em
reunião.
RONALDO PACHECO
