“Deplorável, não tem recuperação. O risco de contaminação para os servidores
é desde tétano a fungos ou qualquer outra bactéria. Acho que as condições de
um presídio são melhores”, disse Ivânio Dallagnol, médico do trabalho, na
quarta-feira, 18 de novembro, ao avaliar as condições do prédio da
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), antiga DRT, que fica
ao lado do Sesc do Porto e por lá passam em média 500 usuários por dia.
A visita do médico foi uma solicitação do Sindicato dos Servidores Públicos
Federais de Mato Grosso (Sindsep-MT) para ter o laudo que garante que os
trabalhadores estão em condições perigosas e insalubres. Segundo o
presidente do sindicato, Carlos Alberto de Almeida, a preocupação se estende
também à população que freqüenta um local com ratos e baratas, correndo
risco de contaminação.
“Não dá para acreditar que tenham deixado que a estrutura física do prédio
chegasse nessas condições. A greve dos servidores significa também um
protesto para que eles possam atender melhor a população”, disse Carlos. Os
servidores administrativos estão no 6º dia de greve em Mato Grosso e as
reivindicações se estendem ao Plano de Cargo, Carreira e Salários (PCCS),
específico da categoria, e a falta de cumprimento do acordo firmado com o
governo.
Segundo o médico Ivânio, o esgoto do banheiro passa para os corredores, há
infiltração até na parte elétrica, além de outros agravantes. “O processo de
insalubridade é total, não tem avaliação. Chega a ser desumano, uma
vergonha. Nunca vi condições de trabalho que fossem piores. O prédio não tem
recuperação, é um caso de polícia”, pontuou.
Outra indignação do médico, que atua na empresa Presto Labor, é que o
próprio Ministério do Trabalho, responsável por ditar as regras em empresas
privadas e até mesmo fiscalizar o trabalho escravo, exponha sua equipe a
tais condições.
