quinta-feira, 07/11/2024
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Medicamento para anemia aumenta risco de problemas cardíacos

Um estudo médico que será lançado hoje sugere que altas doses de uma droga bastante vendida para anemia em pacientes com câncer e sob tratamento com hemodiálise pode aumentar o risco de problemas cardíacos e até morte.

Quase um milhão de americanos ao ano recebem receitas para o medicamento, conhecido como epoetina ou darbepoetina, também usada no tratamento da anemia. Por todo o mundo, as vendas das duas drogas – vendidas sob o nome de Epogen, Procrit e Aranesp – chegaram a US$9 bilhões no ano passado, segundo os fabricanes Amgen e Johnson & Johnson.

Os pesquisadores do estudo, que será publicado no New England Journal of Medicine, dividiu pacientes anêmicos com doenças renais em dois grupos. Um grupo recebeu epoetina com o objetivo de corrigir inteiramente sua anemia, falta de glóbulos vermelhos associada à fadiga e falta de ar.

O outro grupo permaneceu mais anêmico e recebeu menos epoetin. Os pacientes do primeiro grupo desenvolveram 34% mais chances de morrer ou sofrer de problemas cardíacos do que os pacientes do segundo.

O dr. Ajay Singh, professor assistente da Escola de Medicina de Harvard e autor principal do estudo, disse que os resultados eram surpreendentes e encorajarão médicos a tratarem a anemia menos agressivamente.

O estudo testou o nível de anemia em pacientes com problemas renais que não ainda necessitavam de hemodiálise, uma técnica de filtragem do sangue usada para manter vivos pacientes cujos rins quase não funcionam mais. Porém suas descobertas também se aplicam à pacientes de hemodiálise, disse Singh.

As descobertas reforçam crescentes preocupações de que pacientes com problemas renais estejam recebendo muita epoetina, em parte porque as clínicas de hemodiálise lucram mais ao administrarem doses maiores. Estudos mostram que as clínicas recebem pouco ou nenhum lucro pelos serviços de hemodiálise fornecidos aos pacientes do Medicare – a vasta maioria.

A quantidade de epoetina recebida pelo paciente de hemodiálise típico nos EUA triplicou desde o começo dos anos 90. Hoje em dia, o paciente médio recebe doses de epoetina similares àquelas administradas ao primeiro grupo do estudo de Singh. As taxas de mortalidade para pacientes em hemodiálise são mais altas nos EUA do que na Europa, onde as doses são comparáveis às do segundo grupo, porém médicos dizem que outros fatores também explicam a diferença. Cerca de 22% dos pacientes americanos morrem todos os anos, comparados a 15% na Europa.

Singh disse que seu estudo, juntamente com uma segunda bateria de testes com resultados similares, também será publicado na quinta-feira no New England Journal e não prova necessariamente que o uso de epoetina causa danos.

Porém os estudos mostram que em muitos pacientes, a anemia está sendo “super-corrigida” e que os médicos deverão ter como objetivo níveis menores de glóbulos vermelhos em seus pacientes. A maneira mais simples de se obter isso é administrando menos epoetina aos pacientes.

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Parmenas Alt
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