domingo, 22/12/2024
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Mayaro: vírus pode estar se espalhando pelo continente e já preocupa cientistas

Pesquisadores da Universidade da Fl&oacuterida, nos Estados Unidos, anunciaram ter encontrado no Haiti um caso in&eacutedito de mayaro, doen&ccedila caracterizada por uma febre hemorr&aacutegica similiar &agrave da chikungunya.

Ainda que o v&iacuterus n&atildeo seja totalmente desconhecido &ndash foi detectado nos anos 1950 &ndash, at&eacute agora s&oacute haviam sido registrados pequenos surtos espor&aacutedicos na regi&atildeo amaz&ocircnica e seus arredores. Especialistas alertam que este caso pode ser um ind&iacutecio de que o v&iacuterus est&aacute se espalhando e j&aacute come&ccedila a circular pela regi&atildeo do Caribe.

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&quotOs sintomas s&atildeo muito similares aos da chikungunya. Por isso, quando o paciente vai ao m&eacutedico, pensam se tratar dessa doen&ccedila e n&atildeo sabem que &eacute mayaro&quot, disse John Lednicky, que liderou a equipe da universidade americana respons&aacutevel pelo estudo.

Lednicky explicou n&atildeo haver nenhum sintoma que distingua a chikungunya da febre mayaro. Ambas provocam febre, erup&ccedil&otildees na pele e dores nas articula&ccedil&otildees. Em ambos os casos, os efeitos s&atildeo mais prolongados do que em paciente com dengue e zika, chegando a durar de seis meses a um ano.

&quotO que est&aacute acontecendo &eacute que estamos nos deparando com pacientes que se queixam de erup&ccedil&otildees na pele e dores musculares prolongadas, mas os exames d&atildeo negativo para Zika e Chikungunya. Ent&atildeo, o que afinal eles t&ecircm?&quot, disse Lednicky.

O preocupante &eacute que o v&iacuterus detectado no Haiti &eacute geneticamente diferente dos que haviam sido descritos previamente, esclareceu o especialista. &quotN&atildeo sabemos se &eacute um v&iacuterus novo ou uma nova cepa de diferentes tipos de Mayaro.&quot

Casos de mayaro

O v&iacuterus foi descoberto em 1954 em Trinidad e Tobago, mas at&eacute agora s&oacute se sabia de surtos isolados na selva amaz&ocircnica e em outras partes da Am&eacuterica do Sul, como Brasil e Venezuela.

O caso encontrado pela Universidade da Fl&oacuterida foi identificado a partir de uma amostra de sangue de um menino de 8 anos de uma zona rural do Haiti. Ele tinha febre e dores abdominais, mas n&atildeo apresentava erup&ccedil&otildees nem conjuntivite, sintomas normalmente associados &agrave chikungunya.

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Pesquisadores da universidade colheram uma s&eacuterie de amostras durante e depois do surto de chikungunya no Haiti. Ap&oacutes a an&aacutelise virol&oacutegica e molecular para detectar os v&iacuterus da dengue e da zika, foi confirmada a presen&ccedila da dengue no paciente alvo do estudo, mas tamb&eacutem de um novo v&iacuterus, identificado depois como o Mayaro, disse Lednicky.

Enquanto a aten&ccedil&atildeo do mundo estava voltada para o Zika, &quota descoberta deste outro v&iacuterus &eacute uma grande fonte de preocupa&ccedil&atildeo&quot, disse Glenn Moris, diretor do Instituto de Enfermidades Pat&oacutegenas Emergentes da Universidade da Fl&oacuterida.

Andr&eacute Luiz D. Takahashi/Prefeitura de Votuporanga

Muitos pacientes no Caribe e na Am&eacuterica do Sul podem estar sendo diagnosticados erroneamente com chikungunya

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Investiga&ccedil&atildeo precisa de recursos

Lednicky explicou que &eacute &quotdif&iacutecil avaliar o qu&atildeo grave &eacute o surto de mayaro neste momento&quot, j&aacute que existem poucos estudos sobre o v&iacuterus. &quotNo Brasil, h&aacute dois tipos gen&eacuteticos diferentes, e n&atildeo sabemos qual &eacute o mais virulento. Faltam mais estudos e monitoramento das &aacutereas afetadas.&quot

Um problema &eacute a falta de recursos para fazer essas pesquisas, segundo m&eacutedico americano. &quotNa Universidade da Fl&oacuterida, estamos buscando fundos, mas &eacute dif&iacutecil obt&ecirc-los para esse tipo de estudo nos Estados Unidos. E no Haiti, os poucos recursos que eles t&ecircm s&atildeo necess&aacuterios para cobrir as necessidades mais b&aacutesicas dos pacientes.&quot

Lednicky acrescentou n&atildeo saber o que vai acontecer no Haiti ap&oacutes a passagem pelo pa&iacutes do furac&atildeo Matthew, que poderia ter levado os mosquitos transmissores da doen&ccedila at&eacute a Rep&uacuteblica Dominicana e outras ilhas caribenhas.

Poss&iacutevel adapta&ccedil&atildeo do v&iacuterus

A semelhan&ccedila com o v&iacuterus da chikungunya tamb&eacutem preocupa os cientistas. Em um artigo publicado na revista Scientific American, Marta Zaraska, jornalista especializada em ci&ecircncia, destaca que isso poderia explicar por que o Mayaro pode se tornar um problema generalizado.

&quotAmbos os v&iacuterus eram originalmente transmitidos por mosquitos da selva, infectando pessoas na regi&atildeo amaz&ocircnica, mas o Chikungunya tem se adaptado e hoje &eacute transmitido por mosquitos urbanos, como o Aedes albopictus e o Aedesaegypti&quot, que tamb&eacutem transmitem a febre amarela, a dengue e a zika.

Segundo Zaraska, &quoto mesmo pode estar ocorrendo no caso do Mayaro&quot. Em exames de laborat&oacuterio, foi provado que o Aedes albopictus e o Aedes aegypti podem ser vetores da febre mayaro &ndash e o fato do v&iacuterus ter sido detectado no Haiti sugere que ele tamb&eacutem est&aacute se adaptando ao ambiente urbano.

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Parmenas Alt
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